POSSE DA ACAD. MARIA DE FÁTIMA BAZHUNI POMBO MARCH





POSSE DA ACAD. MARIA DE FÁTIMA BAZHUNI POMBO MARCH
02/10/2017 - 00:00:00

Dia 29 de setembro de 2017, às 18:30h, na Casa do Médico, ocorreu a Sessão Solene de Posse da Profª Dra. Maria de Fátima Bazhuni Pombo March, na cadeira nº62, Patronímica do Acad. Prof. Octavio Augusto Lemgruber.

A Solenidade, aberta pelo Presidente da ACAMERJ, Acad. Luiz Augusto de Freitas Pinheiro, teve como mestre de cerimônia o Acad. Wellington Santos, sendo a Mesa composta por: Secretário Geral, Acad. Elimar Antonio Bittar; Orador Acad. Alcir Visela Chácar; Benemérito, Fundador da ACAMERJ e atual Presidente da Academia Fluminense de Letras, Acad. Waldenir de Bragança; Representante do CREMERJ Dra. Marília de Abreu Silva.

O Presidente abriu a Solenidade cumprimentado, agradecendo a presença de todos e convidou os Acadêmicos José Dutra Bayão, Vilma Duarte Câmara e Adauto Dutra Moraes Barbosa para conduzirem ao Auditório Newton Porto Brasil a empossanda.

Após a entoação do Hino Nacional Brasileiro, o mestre de cerimônia convidou o Secretário Geral Acad. Elimar Antonio Bittar para ler o termo de posse e a Profª Maria de Fátima Bazhuni Pombo March para assiná-lo e proferir o juramento.

A seguir foi dada a palavra ao Acad. Alcir Vicente Visela Chácar para proferir o discurso de saudação e recepção da nova Acadêmica. O orador fez referências ao Patrono e elogiou a carreira e o currículo da empossada, lembrando a saudável e fértil convivência entre ambos. A Acad. Maria de Fátima Bazhuni Pombo March falou a seguir em discurso emocionado, com agradecimentos, apresentação de breve biografia do Patrono da Cadeira nº62, Octávio Augusto Lemgruber, e seus propósitos na ACAMERJ.

Encerrando a Sessão Solene de Posse, o Presidente da ACAMERJ, mais uma vez, agradeceu a presença dos Acadêmicos, autoridades, familiares, colegas e amigos da nova Acadêmica. Aproveitou o ensejo para focar alguns pontos dos discursos proferidos, mostrou realizações da Academia, convidou os presentes para a Solenidade comemorativa de 43 anos da ACAMERJ em dezembro próximo vindouro e enalteceu as qualidades da Acad. Maria de Fátima Bazhuni Pombo March, conclamando-a a atuar efetivamente nas atividades da ACAMERJ.

Após o encerramento a novel Acadêmica recebeu os convidados no Espaço Waldenir de Bragança da Casa do Médico.


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DISCURSO DA ACAD. MARIA DE FÁTIMA B. BOMPO MARCH

"Para mim, esta é uma noite muito especial. Sinto muita honra, emoção e responsabilidade ao assumir humildemente esta cadeira. Meu Patrono, o Acadêmico Dr Octavio Lemgruber, foi um exemplo de médico e de ser humano, concluo, sem sombra de dúvida, após conhecer sua história de vida. E por uma grata semelhante, ele também foi pediatra, na verdade um pioneiro no cuidado específico à criança, especialmente voltado à atenção materno infantil e à puericultura. E para entender o valor do seu trabalho precisamos viajar um pouco no tempo, voltando ao século XIX, quando os primeiros Lemgruber chegaram ao Brasil. O Rei D. João VI visando promover o desenvolvimento do país, ainda unido a Portugal, assinou o decreto para financiar despesas com o transporte de cidadãos suíços, compra de terras e construção de casas, para fundar uma colônia em Cantagalo, que depois se denominou Vila de Nova Friburgo. Do total de 2006 imigrantes que atravessaram o Atlântico em sete navios, levando de 55 a 122 dias na travessia, sobreviveram 1631. Aqui chegando, eles enfrentaram as dificuldades e desafios existentes numa terra estranha, tão diferente daquela que haviam deixado. Esta origem me emocionou pois de forma parecida meus avós maternos chegaram do Líbano no início do século XX, em busca de trabalho, fugindo da guerra santa. Dr Otávio Lemgruber formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina em 1922, diplomando-se também pela Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Voltou para Niterói em 1930 e foi trabalhar gratuitamente no IPAIN ( Instituto de Assistência e Proteção à Infância de Niterói ) onde atuou por mais de 42 anos. O IPAIN foi a primeira obra pediátrica em nossa cidade, fundada em 1914 por Dr Almir Madeira e seus colaboradores, incentivados por Dr Moncorvo Filho, da cidade do Rio de Janeiro. Na década de 30, além do ambulatório, aí instalou-se o primeiro hospital da cidade para crianças, sob a direção do pediatra Dr Eduardo Imbassay e tendo como sub diretor e chefe de clínica pediátrica médica o Dr Octavio Lemgruber (22 de novembro de 1939). Permaneceu em funcionamento até 1971.
· Antes, os cuidados com as crianças baseavam-se pplm em obras de assistência social, em sua maioria privadas, que eram mais de proteção do que de clínica. Participou, portanto, da criação da Pediatria como uma especialidade à parte, colaborando com o Dr Almir Madeira, dentre outros.
· A partir da década de 30 a Pediatria cresceu com a instalação das Clínicas de Pediatria da Faculdade Fluminense de Medicina e a construção do HGVFº (inaugurado em 1953), onde se destacaram Drs Álvaro Reis, Almir Madeira, Afranio Garcia, Walter Telles, Cesar Pernetta, Helio De Martino, etc.
· A Neonatologia, importante capítulo da Pediatria, surgiu na década de 50, com Drs Almir Madeira e Octavio Lemgruber, reforçando a importância da assistência materno-infantil e da puericultura dentro da Pediatria.
· Foi grande colaborador e amigo do Dr Almir Madeira, um médico também pioneiro em ideias e realizações em prol da infância pobre de nosso Estado. Além do IPAIN, criou o Consultório de Higiene infantil, as primeiras colônias de férias, implantou a aplicação dos primeiros testes tuberculínicos e da BCG, além de propor a instituição do Dia da criança - 12 de outubro, em 1923, durante participação em Congresso Internacional de Pediatria no Rio de Janeiro.
· Lecionou puericultura e clínica da primeira infância nas faculdades de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
· Foi Membro da Academia Americana de Pediatria, pertenceu também às Sociedades Brasileira e Fluminense de Pediatria. É citado em vários capítulos e é autor de capítulo do Livro "História da Pediatria Brasileira", editado por Álvaro Aguiar e Reinaldo Menezes Martins da Sociedade Brasileira de Pediatria, em 1996. Neste capítulo enaltece com exatidão e respeito a obra do médico Dr Almir Madeira, ao qual refere-se sempre como um exemplo de trabalho, caráter e amizade a ser seguido.
· Presidiu o Sindicato dos Médicos do Estado do Rio de Janeiro.
· Foi presidente da Academia Fluminense de Medicina (1976), hoje Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro-ACAMERJ.
· Eu lembro aos presentes, que quando um Acadêmico Titular assume a cadeira, ele presta homenagem em seu discurso de posse ao Patrono desta cadeira, à sua vida e às suas realizações. É a perpetuidade dos tempos, dos homens e de seus feitos. É um dever primordial das Academias "não deixar morrer os que já morreram", imortalizando aqueles que muito fizeram pela ciência, pela Pátria e pela humanidade. Eu sinto orgulho de poder prestar homenagem a tão brilhante personalidade.
· Nesta cidade, Niterói, não faltam personalidades. Médicos brilhantes, que há muito priorizam a profissão, os colegas, os pacientes, que fundaram a Academia Fluminense de medicina, hoje nossa ACAMERJ, AMF, entre outros. Muitos legados, muitas conquistas.
· Hoje realizo o sonho de fazer parte desta Academia. Agradeço ao convite do Dr Alcir Chácar e da Dra Selma Sias pela oportunidade. Dr Alcir, ao lado de sua doce Regina, um médico de luta, orgulho de nossa cidade; a Dra Selma, companheira de especialidade, ícone em nossa cidade, amiga pessoal. Conviver com colegas como eles e como todos vocês que aqui estão me faz acreditar e não me arrepender jamais de ter sido idealista, de ter perseguido um sonho, uma missão, que sempre preencheu a minha vida: ser médica, ser uma boa médica e uma bondosa pessoa. Exercer minha profissão amada com retidão, dedicação e compaixão. Vejo aqui tantos exemplos! Parabenizo a cada um de vocês, colegas, acadêmicos, que acreditam que podemos fazer coisas boas pelo próximo, pelos colegas médicos, pelo país, pela cidade, pela sociedade; espero fazer juz nesta Academia e também aos colegas que vieram me prestigiar à confiança em mim depositada e trabalhar em prol de seus objetivos.
· Não posso finalizar sem expor minha eterna gratidão: minha família de origem, libanesa por parte de mãe, nordestina por parte de pai, sempre me incentivou ao estudo e ao trabalho honesto; o destino também me ajudou, trazendo para junto de mim mestres exemplares, amigos verdadeiros e uma filha que preencheram minha vida e meu coração.
· Obrigada, minha mãe, tia, Clemax e Fernanda. Sem vcs, eu não estaria aqui."

Acad. Maria de Fátima March proferindo discurso

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DISCURSO DO ACAD. ALCIR VICENTE VISELA CHÁCAR 

Maria de Fátima Bazhuni Pombo March. Ilustre professora.

Minhas Senhoras! Meus Senhores, Autoridades já enumeradas pelo cerimonial. Confreiras e Confrades.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a honra a mim conferida em fazer a apresentação da Novel Acadêmica da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, a professora Dra. Maria de Fátima Bazhuni Pombo March.

Coloquei-me a pensar: teria sido por ser um dos mais antigos membros desta Academia? Por ser um ex-presidente da Acamerj, ou um dos fundadores da Sociedade de Pediatria, ou ainda pela minha já conhecida participação como responsável pela vinda ao Brasil do cientista Sabin, dando início a sua cruzada para erradicar a poliomielite em nosso país? Não! Prefiro acreditar que pela amizade de longa data e pela minha admiração por seu abnegado trabalho como médica, e sua dedicação ao ensino, cuja missão, e vocação, sempre cumpriram o sublime sacerdócio de ajudar na formação de médicos, bem como o de prepará-los para a difícil missão de exercer uma carreira nem sempre, apesar de toda glamourização que a cerca em nossa sociedade, verdadeiramente reconhecida, ao trafegar num tênue limiar entre a vida e a morte, ou como já afirmava Miguel Couto na missão do médico de combater o sofrimento e, para que isso possa acontecer, conviver com ele, e dele participar.

Caríssimos presentes, como já é de conhecimento geral entre a maioria dos aqui presentes, a Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro é uma entidade médica civil e cientifica, sem fins lucrativos, regida por Estatutos próprio, tendo entre os seus objetivos principais o de promover e estimular o estudo da Medicina através da realização de sessões em que sejam discutidos assuntos relativos à medicina, a Cultura e a Ciência em geral, bem como o de divulgar os trabalhos e novos conhecimentos dos seus membros médicos e opinar sobre questões relacionadas ao exercício da medicina a fim de colaborar com os poderes públicos no estudo de questões de caráter médico-social.

Para dela fazer parte, necessário se faz que o candidato a uma vaga em suas fileiras tenha no mínimo 15 anos de formação em Medicina, exercendo-a ou morando no Estado do Rio. Quando aberta vaga, concorrer apresentando currículo e monografia inédita. Requisitos preenchidos pela então candidata, admitida após análise de sua elogiada monografia intitulada "Evolução clinica de crianças internadas com pneumonia adquirida na comunidade(PAC) em hospital pediátrico após introdução da vacina  Anti-pneumocócica 10 valente na rede pública de saúde".

O trabalho inédito apresentado e posteriormente premiado, foi considerado entre o grupo de professores que compõem o Conselho Científico desta Casa, encarregados pela análise dos trabalhos apresentados pelos candidatos, como de grande interesse cientifico, não só na área da pediatria e pneumologia, mas também para toda comunidade científica, o que com certeza acontecerá assim que este estiver disponível para leitura e apreciação pública, juntamente com os demais trabalhos já premiados da Biblioteca da ACAMERJ, e de grande utilidade para aqueles que buscam na pesquisa uma razão para o seu trabalho diário e aprimoramento profissional.

Prezada professora Dra. Maria de Fátima Bazhuni Pombo March, ilustre Confreira, hoje assumindo a cadeira de número 62 da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, patronímica de Octávio Lemgruber, pediatra e segundo nome a ocupar a presidência desta casa, nos idos de 1976, e que em seu belo discurso de posse já ressaltava as palavras que faço questão de relembrar e que considero uma das mais belas definições do papel das Academias: "Elas têm por dever primordial não deixar morrer os mortos, imortalizando, no culto à sua memória, aqueles que muito fizeram pela ciência, pela pátria e pela humanidade", afirmando ainda que a nossa Academia encontra na primorosa oração inicial de Mário Monteiro o seu luzeiro e a verdadeira introdução ao livro de sua vida.

Esta noite marca em sua vida e entrada neste panteão de ilustres imortais. Em meu nome, e no dos ilustres Confrades e Confreiras desta Academia, receba as boas vindas. A Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro a recebe de braços abertos.  

Acad. Alcir Vicente Visela Chácar saudando a Novel Acadêmica da ACAMERJ


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