Noite de Posses
16/11/2016 - 00:00:00
Dia 11 de novembro a ACAMERJ realizou concorrida sessão solene e coquetel para celebrar as posses dos Acadêmicos Titulares Gesmar Volga Assef Haddad, na Cadeira número 10, e Marco Antonio Naslausky Mibielli, na Cadeira número 58.
Na mesma ocasião o Titular da Cadeira 58, Acadêmico José Antonio Verbicário Carim passou a Emérito e o Presidente da Acamerj, Acad. Luiz Augusto de Freitas Pinheiro, concedeu o título de Acadêmico Emérito "in memoriam" ao Acad. Lauir Corrêa de Andrade, na ocasião representado por sua filha Dra. Simone Fernandes de Andrade.
A Mesa Diretora, além do Presidente da Acamerj, esteve composta pelas seguintes autoridades: Acad. José Hamilton Maciel da Silva (Presidente da Federação Brasileira de Academias de Medicina-FBAM), Acad. Pietro Novellino (Representando a Academia Nacional de Medicina-ANM), Conselheiro Sidney Ferreira (Representando o Conselho Federal de Medicina-CFM), Dra. Adriana Rocha Britto (Representando a Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro), Dra. Christina Thereza Machado Bittar (Representando a Associação Médica Fluminense-AMF), Acad. Prof. Tarcísio Rivello (Diretor do Hospital Universitário Antonio Pedro-HUAP) e os empossados da noite e sua representante.
Mesa Solene composta pelos citados acima
A Profª Gesmar Haddad foi saudada pelo Acad. Alcir Vicente Visela Chácar e o Acad. Omar da Rosa Santos saudou o Prof. Marco Antonio Mibielli.
O Presidente da Acamerj, Prof. Luiz Augusto de Freitas Pinheiro, proferiu breves palavras enaltecendo a vida, a obra e as qualidades humanas dos Acadêmicos, José Antonio Verbicário Carim e Lauir Corrêa de Andrade.
Os empossados proferiram seus discursos e a Dra. Simone, em alocução emocionada, agradeceu em nome de seu pai.
Após o evento os presentes se confraternizaram com um coquetel.
Abaixo seguem os discursos proferidos na noite.
_________________________________________________________________Discurso do Acadêmico Alcir Vicente Visela Chácar:
Diz assim a carta:
"Onde andará o meu doutor"
Hoje acordei sentindo uma dorzinha... Aquela dor sem explicação e uma palpitação. Resolvi procurar um doutor... Fui divagando pelo caminho... Lembrei daquele médico que me atendia vestido de branco e que tinha um pouco de pai amigo e de anjo... ele curava não só a minha dor do corpo, mas a da minha alma também.
Chegando à recepção do consultório, fui atendida com uma pergunta: "Qual o seu plano"
Ah! O meu plano é viver mais e feliz!
Mas a resposta teria que ser outra!
O "meu Plano de Saúde"... Apresentei o documento do dito cujo, e aguardei. Quando fui chamada, corri apressada... ia ser atendida pelo Doutor, aquele que cura qualquer dor!
Entrei e o olhei... Me surpreendi...
Rosto trancado, triste e cansado... será que ele estava adoentado?
É!... Quem sabe talvez gripado! Dei um sorriso meio de lado e um bom dia.
"O que a senhora sente?" - me perguntou.
Como eu gostaria de saber o que ele esta sentindo...
Parecia mais doente do que eu, a paciente...
"Eu? Ah! Sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação... E esperei a sua reação.
Provavelmente vai me examinar, auscultar o meu coração. Para minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse: "Peça autorização desses exames para conseguir a realização..."
Quando li quase morri! Tomografia computadorizada, ressonância magnética e cintilografia!
E eu que só conhecia uma tal de abreugrafia...
Estaria eu a beira da morte?
Ah! Meu querido e adoentado doutor!
Sinto saudades dos seus ouvidos para me escutar... Das suas mãos para me examinar... Do seu olhar compreensivo e amigo... Do seu pensar... Do seu sorriso que aliviava a minha dor... Que me dava forças para lutar contra a doença... E que estimulava a minha saúde e a minha crença...
Porque da consulta só restou uma requisição digitada em um computador e o olhar vago e cansado do doutor!
Precisamos urgentemente dos nossos médicos amigos... A medicina agoniza... Ouço até os seus gemidos...
Por favor, tragam de volta o meu doutor! Estamos todos doentes e sentindo dor!
E peço para o ser humano, uma receita de calor. E para o exercício da medicina, uma prescrição de amor.
Onde andará o meu doutor?"
Excelentíssimo Sr. Presidente da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro,
Confrades e Confreiras,
Autoridades,
Minhas Senhoras, Meus Senhores e Colegas aqui presentes,
Penso que assegurar saúde para todos deva ser muito mais do que um belo discurso político, mas algo que precisa ser encarado de forma corajosa e até mesmo ousada por aqueles que têm hoje em suas mãos o poder de realizar uma verdadeira reformulação do sistema formador dos profissionais. Profissionais não apenas capacitados tecnicamente, mas convictos da enorme responsabilidade assumida e de seus compromissos éticos e humanos.
O avanço tecnológico e o progresso inegável trazido por ele à medicina nos dias de hoje, tornou-a incontestavelmente muito eficiente. E a tendência também incontestável é que assim a torne cada vez mais.
Somos, porém, obrigados a reconhecer que a tornou também muito cara e de difícil acesso para a grande maioria carente da nossa população. Onde se acreditava no médico, hoje se acredita na medicina. Onde predominava a arte, hoje predomina a ciência - a medicina de massa: moderna, porém, desumanizada, criando um abismo entre médicos e pacientes que se esbarram nos corredores de ambulatórios e hospitais como se estranhos fossem, mas ambos carentes e vítimas de um mesmo sofrimento. Enquanto o doente, trôpego e cansado, sofre à espera do alivio de seu sofrimento nas enormes filas, o médico, apresado e sob efeito de uma enorme pressão sofre para fazer a mágica de dar conta daquela mesma enorme e crescente fila...
Parafraseando John Donne, ouso acrescentar: "Não me pergunte onde andará o teu doutor. Ele esta correndo esbaforido atrás de seu sustento diário".
Num momento em que, com profundo desalento tenho observado os rumos tomados pela assistência médica em nosso país. Desde o descaso com que vem sendo tratada pelos nossos governantes aquela que chegou a ser tratada como um sacerdócio, até o que os frutos gerados pelo exagerado número de escolas ditas preparatórias para os futuros profissionais da medicina, cuja capacitação pode-se questionar sem medo de ser chamados de radicais ou "puritanos", coube a mim nesta noite a honra de apresentá-los a Novel Acadêmica da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, e que será empossada nesta festividade, a professora, conferencista e antes de tudo médica, Gesmar Volga Haddad.
Muitos podem estar se perguntando por que teria eu enfatizado aqui, depois de todo esse meu desabafo, a expressão "antes de tudo médica", ao me referir à nossa ilustre colega.
Outros, mais atentos, ou talvez por a conhecerem mais intimamente, nem precisariam, por, assim como eu, identificar na pessoa da Doutora Gesmar a resposta tanto para a autora da carta que compartilhei aqui ao início desta saudação, quanto para o meu desabafo que se seguiu.
Nascida na cidade de Tietê, São Paulo, Gesmar Volga Haddad Herdy é filha de Georges Assef Haddad e Malta Abdala Haddad. Graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense no ano de 1967, fez residência em doenças infecciosas e parasitárias pelo Hospital Universitário Antônio Pedro e em Pediatria pela FIOCRUZ no ano de 1969. Posteriormente, no ano de 1972, fez nova residência em Pediatria, desta vez nos Estados Unidos, no St. Vincent´s Medical Center, em Nova Iorque.
Em 1978 concluiu mestrado em Pediatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, doutorado em Cardiologia pela mesma Universidade em 1982 e pós-doutorado em Cardiologia pelo St. Georges Medical School, em Londres, Inglaterra, em 1988.
Dona de um vasto currículo, em sua proposta, a Doutora Gesmar Volga Haddad Herdy afirma que nesses 49 anos como médica e 46 como docente da UFF, realizou todos os cursos de pós-graduação para atingir a meta de ser professora titular de Pediatria da UFF, ao mesmo tempo em que abraçou as tarefas de coordenação, atingindo assim os objetivos propostos, tendo agora o desejo de tornar-se membro da ACAMERJ.
Cumpridas as formalidades exigidas por esta instituição, como um mínimo de 15 anos de formada em Medicina, idoneidade profissional atestada pelo Conselho Regional de Medicina, exercendo a carreira o morando no Estado do Rio de Janeiro, quando aberta vaga, a Novel foi admitida com a monografia inédita "Cardiopatias Agudas e Crônicas na Infância", brilhante trabalho que se encontra a disposição dos médicos e profissionais de saúde que desejarem conhecê-lo, na biblioteca da nossa Academia, atestando o delicado processo de análise de inclusão de candidatos qualificados a passar a fazer parte das fileiras desta Academia.
Após o juramento, a Novel Acadêmica Gesmar Volga Haddad Herdy passará então, como manifestado desejo corroborado pela junta responsável por sua aprovação, a pertencer a ACAMERJ - Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro. Sociedade Civil e Científica sem fins lucrativos, em cujos objetivos principais estão o de promover e estimular o estudo da medicina; realizar sessões em que sejam discutidos assuntos relativos à medicina, à Cultura e à Ciência em geral; divulgar os trabalhos dos seus membros e seus conhecimentos médicos; promover cursos de aperfeiçoamento médico; opinar sobre questões direta ou indiretamente relacionados com o exercício da medicina e colaborar com os poderes públicos no estudo de questões de caráter médico-social.
Com muito orgulho e honrado pelo convite de saudar a Novel Acadêmica, dou as boas vindas a Doutora Gesmar Volga Haddad Herdy à Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, ocupando a cadeira de número 10, Patronímica do Prof. Luiz Caetano Guimarães Sobral.
Acad. Alcir Vicente Visela Chácar saudando a nova Acadêmica GesmarVolga
________________________________________________________________Discurso da Acad. Gesmar Volga Assef Haddad:
Boa noite a todos.
Primeiramente gostaria de saudar a todos os médicos acadêmicos confrades e confreiras, na pessoa do ilustríssimo Presidente Da Academia De Medicina Do Estado Do Rio De Janeiro, Professor Dr. Luiz Augusto Freitas Pinheiro. Saúdo também a todas autoridades presentes, amigos , colegas de trabalho senhoras e senhores .
Sinto-me muito honrada por pertencer à ACAMERJ e agradeço aos confrades e confreiras que me aceitaram como membro de tão egrégio conselho.
Agradeço em particular ao Dr. Alcir Vicente Visela Chácar que muito me estimulou para me candidatar e por suas magníficas palavras hoje aqui proferidas.
Obrigada pela presença de todos
Estou ocupando a cadeira número 10, cujo patrono é o Dr. Luiz Caetano Guimarães Sobral, médico famoso, nascido na cidade de Campos, em 1842. Ele estudou medicina na universidade do Brasil (hoje UFRJ), no Rio de Janeiro. Desenvolveu estudos sobre malária e trabalhou durante toda a vida em Campos, enfrentando várias epidemias, inclusive a varíola. Foi prefeito naquela cidade e era adorado por todos, considerado até como um semideus. Faleceu em 1952 aos 80 anos deixando um legado maravilhoso e um exemplo de médico e de homem.
A mesma cadeira foi ocupada pelo médico Lauir Corrêa De Andrade, exímio cirurgião do Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo. Nasceu em São Gonçalo em 1934. Filho de Lauro Corrêa De Andrade e Iracema Ferrari De Andrade.
Foi criado e estudou nos primeiros anos na cidade natal. Realizou o segundo grau no Colégio Nilo Peçanha em Niterói, enquanto isso, trabalhava no instituto de aposentadoria e pensões dos comerciários (IAPETEC) em São Gonçalo, para manter seus estudos.
Estudou na faculdade de medicina da Universidade Federal Fluminense de 1953 a 1958. Realizou vários cursos e estágios em urgência médica, medicina psicossomática e cirurgia. Curso de aperfeiçoamento em cirurgia gastroenterológica cirurgia pediátrica no hospital das clínicas em São Paulo. Fez residência em cirurgia geral no hospital das clínicas em São Paulo durante 3 anos, sob orientação dos professores Alípio Correa Neto e Edmundo Vasconcelos.
Trabalhou como médico do INAMPS em São Gonçalo, foi cirurgião geral no hospital do IASERJ e casa de saúde São José. Foi médico do Hospital Orêncio De Freitas e dos Servidores Do Estado No Rio De Janeiro, onde trabalhou com Dr. Carlos Monteiro , o qual ele admirava pela competência técnica .
Aposentou-se aos 70 anos compulsoriamente. Faleceu em 2014 aos 80 anos. Ele declarou em seu memorial: "dos pais humildes recebi grandes ensinamentos, que muito me influenciaram na formação familiar, moral e religiosa . Com eles aprendi a valorizar a família, ouvir os professores , copiar bons exemplos, respeitar as pessoas, vencer pelo trabalho, lutar pelos sonhos e ideais, ter coragem e determinação, primar pela correção, honestidade, justiça, pregar a bondade, a generosidade, fraternidade , ter paciência e tolerância" .
Considerado um baluarte em cirurgia, foi admirado pelos seus companheiros de trabalho por sua habilidade, competência, dedicação como médico e por ter sido um exemplo como pessoa.
Por ter como antecessores os dois excelentes médicos citados ocupantes da cadeira 10, não posso poupar esforços para honrá-los.
Relato agora um pouco sobre minha história:
Decidi ser médica aos 7 anos de idade, quando meu tio recém formado na universidade do brasil (UFRJ) foi exercer medicina na cidade do interior de São Paulo , palmital , onde eu morava com meus pais . Ele, recém-chegado diagnosticou e curou uma criança com meningite purulenta. Isso causou muita admiração, encantamento na população, e sua fama se espalhou. Lá, ele exerceu medicina como clínico geral, com humildade, dedicação e entusiasmo, até sua morte. Foi meu ídolo.
Estudei naquela cidade e com apoio dos meus pais tive um ensino digno o que me proporcionou alcançar meu objetivo principal, a medicina .
Ao terminar o curso me casei com Dr. Ciro Denevitz de Castro Herdy, meu colega de turma, companheiro de sempre, nos estudos, na preparação para concursos e para a vida.
Logo vieram os quatro filhos e enquanto nos preparávamos, também mudamos para outras cidades até fora do Brasil, a fim de terminar a formação que almejamos. E claro, os filhos nos acompanhavam.
Se me perguntarem se esses foram os meus desafio eu diria que ainda não. Foi uma fase árdua, mas necessária. Desafio foi para obtenção do título de doutor em cardiologia na UFRJ onde precisei ser aprovada nas disciplinas de matemática, bioengenharia e depois realizar uma pesquisa inédita utilizando o coração do coelho.
Nesse momento, meus amigos, eu assumo uma enorme responsabilidade. Nesse mundo de violência, rejeição aos refugiados, crises e mais crises, nós somos a elite da população, o ápice da pirâmide. Temos sim um papel relevante no desenvolvimento, divulgação e disseminação do conhecimento. Mas nossa missão não pode ser só essa. Nesse país de analfabetos, de corruptos com enorme taxa de genocídio, estupros e assaltos não podemos nos sentir impotentes e cruzar os braços. Por isso, conclamo a todos os de boa fé e boa vontade para unir forças e tentar bravamente conquistar uma situação mais digna para o futuro.
Agradeço primeiramente a deus, a meus pais, a meu companheiro Ciro e aos meus filhos Artur, Alexandre, Georges e Guilherme, por terem , através de muitos caminhos, proporcionado a minha vitória .
Acad. Gesmar Volga proferindo discurso
________________________________________________________________Discurso do Orador Oficial Omar da Rosa Santos:
Exmo. Presidente, Acad. Luiz Augusto de Freitas Pinheiro.
Senhores e Senhoras Acadêmicos.
Autorides, Dignitários, Senhoras e Senhores.
Novel Acad. Marco Antonio Naslausky Mibielli e família.
Agradeço pela comissão de saudar o novo Acadêmico, que depois de cumprir os preceitos, chega de braço com a esposa Cristiane Reis, e escoltado pela filharada: Bianca, Bruno, Ivana, Maria Luiza e Ana Júlia. Vem para ocupar a cadeira nº 58, patronímica de Júlio Maximiano Ollivier, antes honrada pelo Acadêmico José Antônio Verbicário Carim, que ascende a Emérito.
Não falarei destes, incumbências do recipiendário - O sussurro das convenientes brevidade com clareza recomendam que faça eu, à Sociedade Fluminense, tão só a apresentação do novo Titular - permitam-me - entrelaçada com algumas coincidências que pude escavar das nossas vidas.
Com efeito, quando a peste fustigava o Lácio, enviaram à Hélade a nau dos valetudinários para rogar o socorro necessário ao deus-Apolo-médico. - Este mandou à nau a Serpente, aquela que se enrodilha no caduceu de Asclépio, que assumiu a proa e a guiou de volta até a Ilha Tiberina romana, onde saltou da embarcação para indicar o local para edificar o Templo-de-Apolo, e este varreu a epidemia...
Senhores! - Assim vem ocorrendo desde então... Plantaram-se na Terra numerosos templos apolíneos, encarregados de socorrer os enfermos- No Brasil construíram os dois primeiros em 1808 na Bahia e no Rio de Janeiro, e desde estes, numerosos outros. Nesta Niterói, em 1925, e em Petrópolis, e em Teresópolis com as Faculdades de Medicina... Esta última, que embala a lavra de Naslausky Mibielli no H.U. Constantino Otaviano. - Santuários Apolíneos! - Neste arraial hipocrático veio, em 1976, habitar Marco Antonio Naslausky Mibielli para fazer florescer o vergel ortopédico desde cedo, abençoado pelos ortopedistas-símbolo: Donaldo D´Angelo (de Petrópolis) e Arthur Dalmasso (de Teresópolis), sacerdotes de Asclépio encarregados de velar por estas Serras.
Marco Antonio já vem professando a Medicina há 47 anos. Formado em Petrópolis (1974) tem bebido na taça iátrica em 17 cursos (5 no exterior). - Tornou-se Especialista (1977) e depois Mestre em Traumatologia e Ortopedia na UFRJ (1990) - Tem praticado: no Hospital Municipal de Petrópolis, por 10 anos; no Núcleo Estadual do Ministério de Saúde e na Faculdade de Teresópolis, há 40 anos, onde ascendeu, sempre por mérito, até Professor Titular que foi galardoado na Emerência (2010).
Praticando a mais pura doutrina hipocrática, pôde estabelecer ótimo serviço universitário, donde, a par dos cursos curriculares oferece festejados Curso de Especialização e Residência Médica, que vêm formando numerosos Traumato-Ortopedistas. - Plantou a semente apolínea nas escarpas no santuário que o Dedo-de-Deus proclama!
Tem atuado com destaque na Sociedade Brasileira (SBTO), na latino-americana (SLAOT), na Sociedade Ortopédica Pediátrica (da qual é Fundador) e em Órgãos Internacionais (AO Foundation). Esta lavra rendeu-lhe 16 honrarias, entre elas as de Emérito na FESO (2010), Médico do Ano (2000), Dirigente na Faculdade, Integrante do Conselho Municipal de Saúde, Presidente da Sociedade de Ciências Médicas, Cidadão Honorário de Teresópolis, etc.
A Produção Técnica e Científica é de Resíduo Respeitável; inclui 10 artigos completos em Periódicos (5 de circulação internacional); 14 capítulos em livros, a mór-parte fixando Rotinas de Diagnóstico e Tratamento nas infecções ortopédicas; a organização do livro O Quadril (Atheneu, SP, 2010); 15 conferências relativas a experiência pessoal e 140 participações em Jornadas e Congressos, em 74 funcionando como Simposiasta, Relator ou Moderador. - O conjunto exalça a produção do serviço que lidera. - Tanto o conduziu por 25 vezes ao estrangeiro, nos EEUU, México, Inglaterra, Peru, Indonésia e Vietnã.
Para a ACAMERJ ofereceu Memória que versa a Cimentação Femoral na Artroplasia Total do Quadril em 111 pacientes com resultado favorável em mais de 80%, utilizando material de custo modesto.
No mais, tem-se desincumbido das funções habituais em Câmaras Técnicas, bancas Examinadoras, Orientação de Trabalhos, e na Comissão de Exames de Especialistas na SBTO, já há 28 anos.
Melhor parar aqui. - Não esqueço a prescrição de Camões, ao resumir sempre, mesmo que raie a injustiça, para não patinar no vitupério. Esses são per summa capita os principais traços biográficos do Acadêmico que chega.
Não posso encerrar esta minha arenga sem realçar poucas, singelas, pontes que, imperceptivelmente, nos vêm tangenciando, Dr. Mibielli!
Da Escola de Princeton exurge a pena de Tim Maudlin [Filosofia da Física: Espaço Tempo - Princeton Foundation of Comtemporany Philosophy, 2012] a exigiu uma Filosofia Quântica que segreda que a seta-do-tempo possa comportar-se bidirecionalmente; isto é, que eventos no futuro possam haver determinado avenças no passado, num fluxo-refluxo das partículas temporais fugitivas...
Pois bem! - No dia 1 de abril de 1964, uma 4ª feira, era eu sextoanista no Hospital Souza Aguiar, trabalhando extenuantemente no socorro aos muitos baleados e acidentados, naquele dia marcado com pedra especial no calendário da história brasileira. - Trabalhava ombro-ombro com o ortopedista, Dr. Jayme Naslausky, seu tio Dr. Marco Antonio.
No dia 31 de março de 1992 chegava eu, de olhos rasos de esperança para ser empossado na cadeira 6 (Patrono Miguel Couto) da Academia Fluminense de Medicina. Na mesa estava o meu antecessor, o Fundador Acad. Arthur Dalmasso (ortopedista-cânon, homem de refinada cultura, político exemplar), seu futuro conselheiro Dr. Naslausky!
Na Presidência do Acad. Alcir Chácar, a Academia lançou braços a bem uma dezena de cidades fluminenses estabelecendo nelas Núcleos Regionais. - Sugeri eu a criação de um Núcleo Teresopolitano de vez que, por necessidade pessoal, visitara eu diversas vezes o Serviço que V.Sa. dirige; núcleo que memorasse o Fundador Arthur Dalmasso. - Não havia na época Titulares estabelecidos em Teserópolis, e o Sr. Presidente criou o Núcleo e, para minha surpresa me cometeu na sua direção virtual, eu diria, até clandestina.
Agora, com a incorporação do Acad. Mauro Geller no ano passado e, agora, a sua, encorpa o citado Núcleo, que pretendo, com o aval do Presidente Luiz Augusto de Freitas Pinheiro, entregar em breve aos legítimos aurigas, herdeiros de Dalmasso.
Esforçarcemos-nos, e, de certo, outros filetes destes "Tempos Asclepíadas" haveriam de farfalhar aos nossos ouvidos... Eu já os conheço! Tenho lidado com estes arcanos algumas vezes na vida ... -
Senhor Presidente, senhores Acadêmicos! O Ritual foi cumprido. O Dr. Mibielli bateu à porta, recebeu os votos, prestou o compromisso e foi recebido com palmas abertas. Agora pertence à grei - A Serra dos Órgãos está em festa! - Só me resta dirigir-lhe a mensagem dos Confrades. - Acadêmico Marco Antonio Naslausky Mibielli:
Seja Benvindo.
Acad. Omar da Rosa Santos saudando o Novo Acadêmico Marco Antonio N. Mibielli
________________________________________________________________Discurso do Acadêmico José A. Verbicário Carim:
Ilmo
Sr. Presidente da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, Confrade
Luiz Augusto de Freitas Pereira;
Ilmo
Sr. Representante do Conselho Federal de Medicina, Sidney Ferreira;
Ilmo
Sr. Presidente da Federação Brasileira das Academias de Medicina, Confrade José
Hamilton Maciel Silva;
Ilmo
Sr. Representante da Academia Nacional de Medicina, Confrade Pietro
Novelino;
Demais
autoridades presentes, confrades, meus colegas, minhas colegas, senhores e
senhoras e meus netos.
Não
é preciso dizer o quanto me sensibiliza e enobrece o título de
Membro Emérito desta academia. Também me desvanecem as palavras de
carinho do ilustre confrade Wellington Santos.
Dizem
que a primeira frase de um discurso é sempre a mais difícil. Bem, ela já ficou
para trás. Mas tenho a sensação de que as frases que estão por vir, até a
última linha, serão igualmente difíceis, pois tenho que falar sobre mim mesmo.
E em toda a minha vida falei muito pouco sobre mim.
Sempre
coloquei a medicina à frente e acima de qualquer assunto, incluindo a mim
mesmo. E sempre que falo de mim me vem imediatamente a suspeita de que não sou
muito bom nisso. Portanto, tentarei ser o mais sucinto possível.
A
imperfeição é mais fácil de tolerar em doses pequenas. E em nossos tempos
estrepitosos é mais fácil reconhecer nossos erros e defeitos do que nossos
próprios méritos.
Mas
hoje estou aqui recebendo esta bela homenagem e tenho que falar de mim, e de
como me sinto, a essa altura da vida, por estar vivendo este honroso momento.
Fiz
o primário onde nasci, em Visconde de Imbé, uma pequena cidade, distrito de
Trajano de Morais, no interior do Estado do Rio. O ginásio foi em colégio
interno, em Santa Maria Madalena.
Fui
com minha família para Nova Friburgo, onde terminei o ginásio no Colégio
Anchieta, fiz parte do clássico, e o segundo e terceiro científico cursei
enquanto fazia Tiro de Guerra e teatro.
Minha vocação para a Medicina, segundo minha mãe, se manifestava já aos 5 anos
de idade, e foi intensificada por um tio médico. Não existia cursinho para
vestibular em Nova Friburgo. Fiz a prova em Niterói e no Rio e passei
direto, em penúltimo lugar.
Ufa,
UFF! E veio a UFF! Ainda nos primeiros passos, na aula de anatomia
do professor Rocha Lagoa respondi sem pestanejar: quero ser cirurgião!
Já
nos primeiros anos, os plantões, as transfusões de sangue que
rendiam algum trocado, e o duro aprendizado na prática ao atuar em um
enorme incêndio do circo, me fizeram ver a realidade difícil e de muito
trabalho que eu passaria a enfrentar.
No
segundo ano, a meu pedido, Dr. Gliebs Ávila Pereira me colocou na Santa
Casa de Misericórdia, enfermaria 13, e tendo como chefe Darcy Monteiro travei o
real contato com a cirurgia.
Uma
grande mudança na minha vida se deve ao Dr. Abílio Cláudio de Lauro Souza,
cirurgião com quem trabalhei em 1964, no Antônio Pedro. Foi ele quem me falou:
"Verbica, vá pro Rio trabalhar com Guilherme Eurico, em Ipanema". E
assim fiz. Respirei novos ares no Hospital dos Comerciários, Lucio Galvão e
logo o grande mestre, professor Jose Hilário.
Jamais
poderia deixar de citar o nome de Roberto Long, do Hospital de
Ipanema, que sorrateiramente me passava um bisturi e falava com a alma
mais doce do mundo: "Verbica, opera esta vesícula, faz essa
hérnia"... Isso no quinto ano de Medicina! Um grande aprendizado para mim!
No
ano da minha formatura, 1966, internato no HUAP, cumpri os dois anos de interno
acadêmico no Hospital Souza Aguiar.
Em dois
anos de residência no Antônio Pedro, muito mais aprendizado com o
professor José Hilário e suas famosas reuniões científicas, e umas fugidas para
o Pronto Socorro São Gonçalo, como cirurgião concursado. Aprendizado,
experiência, o que mais poderia querer?
Mas,
uma grande decisão veio no fim de 1968: o meu retorno para "Nova
Friburgo, PARADA DE UM CAMINHO, A CAMINHO DO CÉU". E logo a seguir surgiu "a
menina de Niterói". E eu seguia para a vida de cirurgião de verdade.
Em nossa profissão, as mudanças têm sido extremamente bruscas. Saímos dos saberes
estáveis aos tempos de explosão e expansão de novos
conhecimentos. Passamos da medicina hipocrática à medicina
científica, dos cataplasmas e dos purgantes da nossa infância aos
antibióticos de última geração, à vídeo laparoscopia, à
cirurgia robótica, e muitas outras inovações.
Lembro-me da famosa frase "grandes cirurgiões, grandes incisões", como
diziam antigamente os grandes mestres. Passamos para as micros incisões,
3 a 4 de 5mm, em que o paciente vai para casa no mesmo dia e tem seus
afazeres normais. O dinamismo das mudanças é tal que o que é verdade
hoje, amanhã é obsoleto.
Participei
de inúmeros congressos, só no Brasil uns 400, no exterior foram dezenas,
fiz exposições em vários países, incluindo cirurgias de demonstração no Brasil
e no estrangeiro algumas vezes.
Em Madrid, em 1986, apresentava o tema papilo-esfincterotomia atraumática, que
era o tema da minha monografia, assunto da entrada nesta academia.
E recebi o seguinte comentário de um famoso cirurgião espanhol, professor
Moreno Gonzales: "Em pouco tempo esse procedimento será coisa do passado,
não vai mais precisar abrir a barriga, será realizado
pela via endoscópica". Isto foi se confirmando a todo instante.
Em Niterói
participei do mundo acadêmico como professor de cirurgia, de auxiliar de ensino
a professor adjunto concursado, de 1969 até a aposentadoria, em 1997.
Em
Nova Friburgo eu operava muito, trabalhava bastante, mas nunca me
limitei a ser cirurgião. Eu sou e fui um apaixonado pela Medicina, então
organizava e participava de eventos médicos desde quando voltei para Friburgo,
culminando com o Congresso Médico Centro-Norte Fluminense, com 1.200
participantes, quando eu era presidente da Sociedade Médica.
Com a introdução da videolaparoscopia na França, em outubro de 1987, em 1990 já
comecei a batalhar por isso. Minha inquietude científica e minha
sede pertinaz por conhecimento me levaram à Alemanha para aprender um novo
desafio. E sem falar nada de alemão fui ter com os professores Gall,
Arnold Pier, Ferdnand Kockerling, Troid e o mestre dos mestres, Kurt Zemm,
em Kiel.
Estive na Alemanha na década de 90 por diversas vezes, à procura de aprendizado. Iniciei a vídeolaparoscopia em Nova Friburgo, e o procedimento logo se espalhou pelo Brasil e outros países, seja em função da excelente tecnologia, seja porque eu mesmo contribuí gerenciando cursos práticos em Nova Friburgo. Formei mais de 2.800 alunos em 25 anos de persiste