Acad. Herbert Praxedes




Acad. Herbert Praxedes
Titular em 08/12/2000

Especialidade: Patologia

Acadêmico Emérito

Cadeira: 0

Patrono:


Mini currículo:

 
. Graduação em medicina pela Universidade Federal Fluminense (1955). 
. Doutor em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1971).
. Professor Titular do Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal Fluminense (aposentado). 
. Título de Especialista em Hematologia e Patologia Clínica pela AMB.
. Ex-Diretor do Hospital Infantil Getúlio Vargas Filho. 
. Ex-Chefe do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense. 
. Ex-Chefe do Serviço de Hematologia do Hospital Universitário Antonio Pedro da Universidade Federal Fluminense. 
. Descobridor da primeira variante instável de hemoglobina humana na América do Sul, a Hemoglobina Niterói em 1972. 
. Acadêmico Fundador da Academia  Fluminense de Medicina - AMF, atual Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro - Acamerj.

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Primeiro médico da família, Dr. Herbert Praxedes nasceu em Ponte Nova, interior de Minas Gerais, no dia 24 de dezembro de 1931, e conquistou fama internacional como hematologista após uma fantástica descoberta. A frente do seu tempo, encontrou a primeira variante instável de hemoglobina humana na América do Sul, mediante estudos em 1972, e que - conforme normas internacionais - foi batizada de Hemoglobina Niterói. "Essa conquista é fruto de muito trabalho e dedicação a pesquisa", garante o médico, altamente reverenciado pelos demais especialistas da área.

Dr. Praxedes veio para Niterói aos 13 anos com a transferência do pai, funcionário do Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais. A inclinação para a Medicina se manifestou no curso científico. Com a aprovação no vestibular, ingressou, em 1950, na Faculdade Fluminense de Medicina. "Desde o momento em que comecei a graduação, minha vida passou a ser totalmente dedicada a profissão", revela. Ainda, estagiou por dois anos e meio no Banco de Sangue do Hospital dos Servidores do Estado.

"O encantamento pelas aulas de laboratório veio ao longo do curso, principalmente quando o assunto era sangue", comenta. Formado em 1955, o médico foi nomeado para a Secretaria de Estado de Sada, atuando como chefe do Laboratório do Hospital Getúlio Vargas Filho e, mais tarde, como diretor geral do local.

Além disso, trabalhou como hematologista do então IAPI: "atendia no ambulatório e passava a visita em várias unidades, acompanhando os internados", lembra. Em 1966, ingressou na UFF como auxiliar de ensino, primeiro da Faculdade de Farmácia e um ano depois da Faculdade de Medicina, ocupando, ao mesmo tempo, a chefia do Laboratório do Hospital Municipal Antonio Pedro.

Com a federalização do HUAP e, depois, a abertura de concursos públicos para a carreira docente em 1969, Dr. Praxedes prestou concurso e foi aprovado para o cargo de professor assistente em dois departamentos: Patologia e Medicina Clínica. "Após um ano de atuação, optei pelo segundo, onde fiquei até me aposentar. Com foco no magistério, me demitir dos cargos de médico do INSS e da Vigilância Sanitária. E, em paralelo, também clinicava no meu próprio consultório", reconta.

Sua histórica descoberta no início dos anos 1970 aconteceu após cinco anos estudando um doente com anemia hemolítica. "Colhi uma amostra de sangue do paciente e enviei para o Serviço de Hematologia do Prof. Harry Lehmann na Inglaterra. Lá foi constatado, em definitivo, que se tratava, realmente, de uma variante até então nunca descrita", descreve. Como de praxe, essa hemoglobina levou o nome da cidade onde ela foi identificada - no caso Niterói. A novidade foi apresentada em congresso e comemorada pela comunidade médica. "O fato saiu em todos os jornais e deu visibilidade mundial a Niterói na área da Medicina", exclama, observando que, alguns anos mais tarde, a mesma hemoglobina foi diagnosticada em um paciente na Finlândia.

Na décade de 1970, dois importantes acontecimentos marcaram a carreira do hematologista: concluiu doutorado na UFRJ e fundou, junto a outros colegas igualmente engajados, a Academia Fluminense de Medicina (AFM) - hoje Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (ACAMERJ). Prestou concurso para Professor Livre Docente da UFRJ - título que lhe permite que obtivesse o cargo de professor titular da UFF, exercendo-o até sua aposentadoria compulsória em 2001, quando completou 70 anos como professor emérito. Fundador do Laboratório Praxedes em 1983, o médico fazia toda a parte de Patologia Clínica e Anatomia Patológica. "Com o tempo, entraram laboratórios de grande porte no país, e a concorrência aumentou, forçando-nos a suspender o atendimento a patologia clínica", relata.

E foi com esse empenho e essa paixão que ele dedicou cinco décadas de trabalho a Hematologia, inicialmente laboratorial e, posteriormente, clínica, tornando-se referência para os demais médicos de sua especialidade. Com profícua carreira acadêmica e reconhecida pela Associação Médica Brasileira, o hematologista responde pela produção de quase 100 artigos e participou de mais de 100 congressos de sua especialidade. Com reputação ilibada, coordenou o Comae de Ética da Faculdade de Medicina da UFF e foi convidado a relatar sua posição contrária ao uso de células-tronco embrionárias no Supremo Tribunal Federal no ano de 2007. Também coordenou, durante três anos, o Comitê de Ética do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro.

Tanto empenho se perpetuou em mais uma geração: suas duas filhas seguiram a profissão do pai. Mônica Kopschitz Praxedes Lusis, além de professora titular de Hematologia Clínica da UFF, coordena o Núcleo de Atenção Oncológica/Ambulatório de Quimioterapia e chefia o Serviço de Hematologia do Hospital Universitário Antonio Pedro, enquanto Inês Praxedes dirige o laboratório que leva o sobrenome da família - empresa fundada por Dr. Herbert - onde é responsável pela Citopatologia e pela Anatomia Patológica. Fala também com muito carinho dos filhos Fernando e Bruno, da esposa amada Maria das Dores Kopschitz Praxedes, com quem é casado há 62 anos, além dos onze netos e dois bisnetos. Dr. Praxedes também ganhou notoriedade por ter sido o primeiro a realizar, em Niterói, a exsanguineotransfusão, procedimento para tratar os efeitos da icterícia em recém-nascidos. "A criança quando nasce com incompatibilidade sanguínea materno-fetal de Rh tem seu sangue destruído, e, como consequência, a hemoglobina transforma-se em bilirrubina, um subproduto tóxico° para o sistema nervoso do bebê. 0 tratamento consiste em fazer uma troca total de seu sangue. Caso contrário, a bilirrubina impregna o cérebro e a criança ou morre ou fica deficiente", explica ele, que contribuiu para salvar muitas crianças. Mesmo com tantas conquistas no currículo, Dr. Herbert não hesita em apontar o momento mais glorioso de toda a sua carreira: o dia da graduação em Medicina. "Foi uma grande realização, incluindo a felicidade de meus pais formando o filho médico", emociona-se. Outro fato inesquecível para ele foi a titulação como professor emérito recebido das mãos do então reitor da UFF, Antônio Jose Peçanha. "Esse é o maior titulo da universidade e coroou minha carreira docente", diz. Dr. Herbert faz questão de destacar que, entre tantos mestres, o Prof. Antônio José foi essencial em sua formação universitária, principalmente pela honestidade profissional. "Considero essa característica um norteador de toda a minha trajetória", assegura.


Para o médico, um fato que marcou a História de Niterói foi o incêndio do Gran Circo, pela comoção causada entre a população e entre os médicos, inclusive ele. "No Hospital Antônio Pedro, eu pegava a veia femoral dos pacientes, porque eles não tinham veias periféricas, e poucos profissionais da área sabiam acessá-la. Fiz isso por muito tempo, até a recuperação dos feridos", relembra com pesar. Ídolos a parte, o hematologista tece um agradecimento especial: "Sacrifiquei muito a minha família em prol da Medicina. Serei eternamente grato por todo o apoio e compreensão". Ciente da sua contribuição na Hematologia, Dr. Praxedes deixa como mensagem às futuras gerações apenas o pedido para que sejam bons médicos. "Medicina é cloaca". Você se doa para uma carreira", resume.


- Texto retirado do livro "A história da Medicina em Niterói", organizado pela Francine Barbosa.

 

Confira abaixo sua entrevista para o projeto "Memória da Acamerj"


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