. Graduação em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (1950).
. Doutor em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (1952).
. Interno-estagiário no Hospital Orêncio de Freitas (1948)
. Médico assistente na Maternidade Pro Matre, Rio de Janeiro (1951-1956).
. Dois trabalhos premiados na Academia Nacional de Medicina, em 1960 e 1993.
. Foi sócio fundador da Sociedade Brasileira de História da Medicina (São Paulo).
. Publicou oito livros sobre História do Brasil, sendo quatro sobre Niterói.
. Sócio Titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Benemérito do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro.
. Sócio Efetivo do congênere de Niterói e da Academia Fluminense de Letras.
. Faleceu em 02 de maio de 2021
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O médico, escritor e historiador Carlos Wehrs, um contador de histórias, que gostava de relembrar pessoas, divulgar fatos e curiosidades de outrora da ex-Capital fluminense.
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Fonte da imagem: 'Ernesto Nazareth 150 anos'
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Carlos Werhs é bisneto de Cristiano Carlos Frederico Werhs, alemão de Hamburgo, que em 1859 chegou ao Brasil para fundar uma das mais tradicionais fábricas de piano do Brasil, que em 1914, já também editora, loja de discos e instrumentos musicais, na rua da Carioca, 47, editou o primeiro disco de Pixinguinha e os primeiros sucessos de Sinhô. Carlos nasceu em 1927, em Niterói, onde fez o primário na antiga Escola Alemã, o secundário no Ginásio Bittencourt Silva, e concluiu os estudos em 1950, na faculdade Fluminense de Medicina, onde dois anos mais tarde, defendendo tese, conquistou o grau de doutor em Medicina, o primeiro conferido por aquela Escola. Durantes os estudos, foi interno-estagiário no Hospital Orêncio de Freitas, no Barreto (1948).
Tendo sua família se transferido para o Rio de janeiro, aí começou a clinicar. Em 1956, ingressou, mediante concurso público, no Hospital dos Servidores do Estado, no antigo IPASE. Médico assistente na Maternidade Pro Matre, Rio de Janeiro (1951-1956), foi sócio fundador da Sociedade Brasileira de História da Medicina de São Paulo.
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Dedicados à medicina, escreveu diversos trabalhos. Pelo "Apreciações sobre o diagnóstico da prenhez prolongada", recebeu o Prêmio Mme. Durocher (medalha de ouro), da Academia Nacional de Medicina.
Integrante do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, publicou em torno de dez livros sobre História do Brasil, sendo cinco sobre Niterói. Sua primeira publicação no gênero, em 1980, versou sobre o Rio de Janeiro: a tradução, do alemão, e a adaptação, com notas explicativas, de memórias e diários de seu avô paterno, reunidas sob o nome de O Rio antigo, pitoresco e musical. O lançamento lhe renderam crônicas de Carlos Drummond de Andrade, no Jornal do Brasil (ver abaixo); e de Joaquim Inosoja, no Jornal do Commercio.
Somente quatro anos mais tarde lançou seu primeiro trabalho sobre sua cidade natal, Niterói Cidade Sorriso, volume de 366 páginas, em que conta a história local, desde os primórdios até a atualidade.
Seguiu-se, em 1986, Niterói, ontem e anteontem, coletânea de treze artigos referentes às historias local e do Brasil. Em linguagem simples são trazidos ao interessado no passado niteroiense, fatos pouco divulgados ou já parcialmente esquecidos, mas que as gerações mais novas não desconhecem de todo. Aquele "já ouvi falar"!!!
Em "Niterói, tema para colecionadores", lançado no ano seguinte, procurou arrolar objetos antigos, de várias origens e coleções diversas, relacionados ao passado niteroiense, visando anteontem, especialmente a memória das imagens da cidade.
Capítulos da Memória Niteroiense (1989) é uma continuação de "Niterói, ontem e anteontem", desta feita com dezoito tópicos variados, enriquecidos com ilustrações. Tal qual no volume anterior, o autor não dispensou o testemunho de contemporâneos, na descrição dos fatos ocorridos no início do século XX.
Com minúcia de cientista e com detalhes de enamorado, Wehrs nos brindou em Meio Século de Vida Musical no Rio de Janeiro 1889 - 1939 (1991) com cinquenta anos de musicalidade intensa, tudo começando em casarões, onde no salão da frente, à luz das velas dos castiçais, revezavam-se ao piano "uma senhora idosa, uma mocinha e um rapaz, conforme se tratasse de música de danças, polca, xote, lanceiros ou valsa, ou uma peça de concerto, ou ainda, o acompanhamento a alguma declamação. No último caso, seria quase certo fossem ouvidos trechos de Meyerbeer, tão em voga ainda, ou de Sansão e Dalila, com ares de novidade. Recitava-se, cantava-se, ouvia-se, sorria-se, aplaudia-se e dançava-se. Castro Alves, Gonçalves Dias e Bilac eram os preferidos, apenas trechos ou poemas inteiros, sem falta de vírgula sequer, tendo como vinheta sonora os sons do piano.
Em 2002, pelo selo institucional da Prefeitura de Niterói, a Niterói Livros, lançou Capítulos da Memória Niteroiense, que reconstrói a memória niteroiense em 26 capítulos. A obra descreve, entre outros temas, a luta das autoridades sanitárias e o sofrimento da população durante os anos de 1849 e 1929, em que se alastrou uma epidemia de febre amarela, além de outros episódios curiosos, entre eles o burburinho formado em torno do primeiro cinema que funcionou em Niterói.
Em 2018 lançou Niterói, Cidade Sorriso - Complemento Iconográfico. Sobre este escreveu: "Não foi fácil reunir este acervo, assaz modesto, mas diferente do que já foi fartamente divulgado, daí tendo derivado a demora de sua publicação. Espera-se que seu conhecimento incremente o amor a esta terra abençoada."
Werhs deixou ainda outras obras, como "Machado de Assis e a Magia da Música" (1997), "O Rio Antigo - através dos escritos de Aluísio Azevedo" (1994), "O Canto do Cisne" (2010), "Bicentenario de Tiradentes - Conferencias e Estudo (com Vicente Tapajos e Americo Jacobina).
Publicado em 02/05/2021 - https://www.culturaniteroi.com.br/blog/mapeamentocultural/271