Acad. Lauir Corrêa de Andrade
Especialidade:
Mini currículo:
Memorial
DADOS PESSOAIS
Nome: Lauir Corrêa de Andrade
Local de nascimento: São Gonçalo - RJ
Data de nascimento : 19 de julho de 1934
Data de falecimento : 09 de dezembro de 2014
Filiação : Lauro Corrêa de Andrade e Iracema Ferrari de Andrade
"O cirurgião é, por natureza, um profissional
prático, destinado a resolver problemas. No entanto, aquele que é somente
prático e não tem cultura, desconhecendo os fundamentos da arte de curar, corre
o risco de criar novas técnicas mas, se um dia parar para estudar, vai se
surpreender que suas descobertas já foram descritas há muito tempo."
Francisco Pimentel
Nasci no dia 19 de julho de 1934, na cidade de São
Gonçalo, Estado do Rio de Janeiro, filho de Lauro Corrêa de Andrade e Iracema
Ferrari de Andrade.
Filho de pais pobres, simples e humildes, sempre lutando
com dificuldades, vivi em São Gonçalo, com seus pais, até os 33 anos, quando se
casou. De meus pais recebi grandes ensinamentos, que muito me influenciaram na
formação familiar, moral e religiosa. Com eles aprendi a valorizar a família, a
ouvir os professores, a copiar os bons exemplos, a respeitar as pessoas, a
vencer pelo trabalho, a lutar pelos meus sonhos e ideais, a ter coragem e
determinação, a aprender cada vez mais, a primar pela correção, honestidade e justiça, a pregar a
bondade, a generosidade e a fraternidade, a ter paciência e tolerância.
Fiz o Curso Primário no Colégio São Geraldo, em São Gonçalo, de 1940 a 1945; o Curso Ginasial no Colégio São Gonçalo, no mesmo município, de 1946 a 1949; o Curso Científico no Liceu Nilo Peçanha, em Niterói, de 1950 a 1952.
Da passagem pelo Colégio São Geraldo, lembro-me das Professora Aline e Zeny Santos, que a mim dispensavam um tratamento especial, por ser o menor e o mais franzino da turma (tinha até uma cadeirinha especial). Da passagem pelo Colégio São Gonçalo, lembro-me da bondade da Diretora, Professora Maria Estephânia Mello de Carvalho, e da consideração das funcionárias da Secretaria, Dona Quiquita, Lizete e Rosinha e dos professores, entre eles a Professora. Aurelina Dias Cavalcanti, que fez despertar meu interesse no aprendizado da Língua Inglesa. Da passagem pelo Liceu Nilo Peçanha, lembro-me da dedicação dos Diretores, Aldo Muylaert e Jaime Bittencourt Silva, dos funcionários da Secretaria, dos Inspetores e dos Professores, entre entre eles o Professor Salvador Inneco, que fez aumentar seu interesse no aprendizado da Língua Inglesa.
Ao terminar o
Curso Ginasial, e já matriculado no Curso Científico, meus pais se encontravam
diante de um dilema: minha irmã Lenir, havia terminado o Curso Primário, e
estava prestes a ingressar no Curso Ginasial. Meus pais não dispunham de
condições financeiras para manter os dois filhos matriculados num colégio
particular e teriam que decidir entre a continuação de um ou a entrada do
outro.
Na festa de
formatura do Curso Ginasial, como Orador da Turma, conheci o Dr. Hipólito
Porto, que acabou se tornando seu padrinho, muito contribuindo para a
continuação de seus estudos. Por intermédio do Dr. Hipólito Porto, consegui
minha matrícula gratuita no Curso Científico do Liceu Nilo Peçanha e um emprego
de funcionário na Agência do IAPC em São Gonçalo, de 1950 a 1951, e na
Delegacia Regional do IAPETC em Niterói, de 1952 a 1958. Assim pôde sua irmã
ser matriculada no Curso Ginasial do Colégio São Gonçalo, e prosseguir seus
estudos. Assim, comecei a ajudar meus pais.
Fui aprovado no
exame vestibular para a Faculdade Fluminense de Medicina (UFF) em 1953, e
diplomado em 1958.
Durante a vida acadêmica, assisti a vários cursos em diferentes especialidades: Curso de Traumatologia no Hospital Miguel Couto, em agosto / setembro de 1955; Curso de Medicina de Urgência no Hospital Municipal Antonio Pedro, em setembro / outubro de 1955; Curso de Medicina Psicossomática no Hospital Municipal Antonio Pedro, em maio / junho de 1956; Curso de Neurose e Relações Humanas no Hospital Municipal Antonio Pedro, em maio de 1957; Curso de Aperfeiçoamento em Gastroenterologia Cirúrgica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade em São Paulo, em janeiro / fevereiro de 1958; Curso de Cirurgia Pediátrica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em fevereiro de 1958; Curso de Ginecologia Prática no Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia no Rio de Janeiro, em julho de 1958. Assistiu também ao V Congresso Nacional de Psiquiatria, Neurologia e Higiene Mental em Salvador-Baía, em julho/1958.
Realizei vários estágios em diferentes especialidades: Serviço de Traumatologia e Ortopedia do Hospital Municipal Antonio Pedro, de setembro de 1955 a março de 1956; Serviço de Cirurgia Geral do IAPETC na Casa de Saúde Santa Branca, de janeiro de 1956 a dezembro de 1958; Serviço de Cirurgia Geral do IAPC na Casa de Saúde Santa Branca, de janeiro de 1956 a dezembro de 1958; Serviço de Obstetrícia do IAPETC na do Hospital Municipal Antonio Pedro, de julho de 1956 a novembro de 1957; Serviço de Obstetrícia do Hospital Municipal Antonio Pedro, de dezembro de 1957 a junho 1958; Enfermaria de Clínica Médica do Prof. Clementino Fraga Filho na Santa Casa do Rio de Janeiro, em 1957, a convite dos acadêmicos Agnelo Alberto. Braune Collet e Alfeu Tavares França (colegas de plantão no Serviço de Emergência do HUAP).
Meu batismo
cirúrgico - a primeira vez que empunhei um bisturi - foi pelas mãos dos
doutores Antonio Guimarães Mary e Clarimesso Machado Arcuri. Nessa época,
dividia o estágio com o inesquecível colega Luiz Carlos Coelho Neto Jeolás.
Participei de vários concursos: Auxiliar-Acadêmico do Departamento de Assistência Médica do IAPC no Rio de Janeiro, em setembro de 1957; Interno-Acadêmico do Serviço de Socorros Urgentes do Hospital Municipal Antonio Pedro, em novembro de 1957; Interno do Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, em novembro de 1957; Auxiliar-Acadêmico do SAMDU, em março de 1958; Auxiliar-Acadêmico de Medicina da Prefeitura do Distrito Federal, em maio de 1958; Auxiliar-Acadêmico do Departamento de Assistência Médica do IAPI no Rio de Janeiro, em setembro de 1958.
Trabalhei com Interno-Acadêmico concursado no Serviço de Emergência
do Hospital Municipal Antonio Pedro, de 1957 a 1958, na Prefeitura do Distrito
Federal (1958), SAMDU (1958) e Santa Casa da Misericórdia no Rio de Janeiro
(1958).
Em setembro de 1958, quase terminando o Curso Médico, e ainda sem definição com relação ao ramo da Medicina a ser seguido, decidi pelos caminhos da Cirurgia, e pensei em fazer uma Residência Médica. Naquela ocasião, o sistema de Residência Médica só havia sido implantado em dois hospitais no Brasil: o Hospital dos Servidores do Estado (IPASE) no Rio de Janeiro, e o Hospital das Clínicas em São Paulo; o primeiro, um hospital assistencial, onde a seleção dos candidatos era feita por indicação política, e o segundo, um hospital universitário, onde a escolha dos candidatos era feita através de concurso público.
No início do ano de 1958, havia feito um curso intensivo para Estudantes de Medicina do 5o e 6o anos, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sobre Cirurgia do Aparelho Digestivo (Serviço do Prof. Edmundo Vasconcelos). Fiquei bastante impressionado com a organização e o volume de atendimento no Hospital das Clínicas; sem qualquer pretensão, guardei aquela lembrança que acabou influenciando, mais tarde, sua escolha em favor do Hospital das Clínicas.
Em janeiro
de 1959, fiz concurso e fui aprovado para a Residência em Cirurgia Geral no
Hospital das Clínicas, onde permaneci por três anos. O sistema de residência
tipo rotativo, proporcionou-me a oportunidade de passar pelas três Clínicas
Cirúrgicas do Hospital (1a Clínica Cirúrgica, do Professor Alípio
Corrêa Neto, a 2a Clínica Cirúrgica, do Professor Edmundo
Vasconcelos e a 3a Clínica Cirúrgica, do Professor Eurico da Silva
Bastos, que substituiu o Professor Benedito Montenegro); durante a Residência
surgiu a atração pela Cirurgia e a definição pela especialidade em Cirurgia
Digestiva.
A
passagem por essas três clínicas me ensinou de maneira definitiva que o médico
deve, antes de tudo, respeitar o paciente que lhe foi entregue, graças,
principalmente à postura ética do Professor Alípio Correa Neto.
Recebi,
do professor Edmundo Vasconcelos a noção exata da importância da valorização
dos refinamentos da técnica cirúrgica, indispensáveis ao bom profissional.
Com o
professor Eurico da Silva Bastos completei minha formação cirúrgica observando
sua competência, simplicidade e humildade.
Outras
pessoas queridas marcaram minha vida profissional na época da residência
médica. São inesquecíveis os docentes Euryclides de Jesus Zerbini, Arrigo
Antonio Raia, Fabio Schmidt Goff, Willian Saad Hossne, Joamel Bruno de Mello e
Manlio Basílio Speranzini.
Terminada a
Residência em 1962, voltei à minha terra natal, e resolvi fixar-me no Rio de
Janeiro. Ao voltar de São Paulo, consegui meu primeiro emprego pelas mãos do
meu colega e compadre Irídio Silva, como cirurgião do Serviço de Emergência do
INPS, em São Gonçalo.
Fiz concurso para médico da Prefeitura
do Estado da Guanabara em 1962, fui aprovado e admitido em julho de 1973; exerci as funções de Assistente da Seção de
Cirurgia Geral no Hospital Central do IASEG (Serviço do Dr. Volta Baptista
Franco) de julho de 1963 a dezembro de 1975, sendo Chefe de Clínica de 1968 a
1970 e depois Assistente de Cirurgia do Serviço de Emergência do mesmo Hospital
de 1970 a 1975.
Trabalhei como
médico do INPS em São Gonçalo (inicialmente credenciado, depois contratado), onde exerci as funções de
Assistente de Cirurgia no Serviço de Emergência da Casa de Saúde São José de
1962 a 1975, e como médico avulso do INPS em São Gonçalo, onde exerci as
funções de Assistente do Serviço de Cirurgia Geral na Clínica São Gonçalo de
1968 a 1975. Em 1975, fui dispensado pelo INPS de minhas funções na Clínica São
Gonçalo e transferido da Casa de Saúde São José, em São Gonçalo, para o
Hospital Orêncio de Freitas do INAMPS, em Niterói.
Em junho de
1967, casei-me com Maria Eduarda Fernandes de Andrade, amiga e companheira
dedicada, e desse casamento nasceram Gustavo, advogado e Procurador do Estado
do Rio de Janeiro e Simone, engenheira e analista de sistemas.
Foi Gustavo que
me presenteou com as minhas mais caras jóias: Daniel (5 anos) e Matheus (3
anos), meus netos queridos.
Fiz concurso
para médico do Hospital dos Servidores do Estado em 1972, aprovado e admitido
em julho de 1973; exerci as funções de Assistente do Serviço de Cirurgia Geral
do HSE de 1973 a 1974 e de Assistente de Cirurgia do Serviço de Emergência de
1974 a 1994, quando fui aposentado por tempo de serviço. Continuei trabalhando
no Hospital Orêncio de Freitas até julho/ 2004, quando fui aposentado
compulsoriamente.
No Hospital do servidores do Estado convivi com o doutor Carlos Monteiro, que me impressionou pela sua competência técnica e seus conhecimentos de patologia cirúrgica.