Antonio Domingues de Sá




Antonio Domingues de Sá

Especialidade:

Acadêmico Patrono

Cadeira: 40

Patrono: destinado a Seção de Medicina Clínica


Mini currículo:

Médico, poliglota e músico, nasceu no município de Maricá, Estado do Rio de Janeiro, em 26 de maio de 1849.

Formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tendo simultaneamente aperfeiçoado o estudo de línguas. Dominava e conhecia a fundo francês, alemão, inglês, italiano e espanhol.

Compositor e músico, como seus colegas Joaquim José da Silva Sardinha e Luís Tavares de Macedo Júnior a medicina não lhe deu tempo para cultivar com mais afinco essa arte. Apesar disso deixou algumas composições para piano, instrumento que tocava com perfeição em saraus familiares.

Estabeleceu-se em Niterói em 1882, como parteiro e operador, com residência e consultório na antiga Rua Áurea (hoje Paulo Alves) n° 5, prédio já demolido. No mesmo ano foi nomeado Cirurgião Interno do Hospital de São João Batista pelo Presidente da Província, Desembargador Bernardo Avelino Gavião Peixoto.

Colaborou incansavelmente com o diretor daquele Hospital, Dr. Manuel Pereira da Silva Continentino Júnior especialmente nos grandes surtos epidêmicos de 1882, 1885, 1886, 1890, como na pandemia espanhola de 1918, e ainda no período crítico da Revolta da Armada, de 1893 a 1894. Nesses anos serviu no Hospital de Sangue, improvisado no Colégio Salesiano de Santa Rosa, de vez que o São João Batista fora transformado em reduto militar fortificado.

Em 1887 integrou com Manuel Continentino uma comissão nomeada pelo Presidente da Província, Dr. Antônio da Rocha Fernandes Leão, encarregada de escolher local para a construção de uma enfermaria especial para doentes contagiosos. Os dois médicos indicaram com essa finalidade prédios no Cubango e na Ponta da Areia, mas a enfermaria não foi construída, devido à forte oposição dos moradores desses bairros. Em 1890, entretanto, o Governador Francisco Portela construiu no Barreto o Hospital de Isolamento, depois denominado Ary Parreiras.

Depois de 38 anos de serviços contínuos ao Hospital de São João Batista (municipalizado em 1904), foi Domingues de Sá compulsoriamente aposentado pelo Prefeito Enéas de Castro, em ato de 5 de março de 1920.

Mudou-se então para a Praia de Icaraí n° 409, onde continuava a clínica particular.

Nessa casa recebeu consagradora homenagem dos médicos niteroienses, a 26 de maio de 1921, dia em que completou 72 anos de idade, sendo-lhe oferecido um cartão de ouro comemorativo da data. Da homenagem participaram todos os médicos ativos em Niterói, entre eles Justino de Menezes Júnior, Arnaldo Lemos Duarte, Libório José Seabra, Joaquim José da Silva Sardinha, Alcides Figueiredo, Dario Callado (orador da solenidade), César Cândido da Fonseca, Bernardino de Almeida Sena Campos, Roberto Pereira dos Santos, Luís Tavares de Macedo Júnior, Graciliano Negreiros, Joaquim Mallet de Souza Soares, Valdemar Batista Pereira, Galdino Travassos, Alceste Froes da Cruz Ribeiro, Ernani Faria Alves, João Kely da Cunha Lages, Aureliano Barcelos (o único vivo do grupo) e o ex-governador Agnello Gerarque Collet. De Paris enviou telegrama o Dr. Lourival Jorge Mazarredo Souto, associando-se às homenagens.

Por proposta do Dr. Lemos Duarte decidiram esses médicos fundar ali mesmo, em homenagem a Domigues de Sá, a Associação Médico Cirúrgica Fluminense, da qual foi o homenageado proclamado Presidente, por unanimidade. Essa Associação, que feneceu poucos anos depois, instalou-se solenemente a 9 de julho do mesmo ano, no sobrado n° 91 da Rua de São João, sob a presidência de Agnello Collet.

Reunida a Associação em sessão solene, a 30 de julho de 1921, um de seus novos sócios, o Dr. José Aguiar Continentino (filho o ex-diretor do Hospital São João Batista, Manuel Continentino) proclamou Domingues de Sã como "Príncipe dos Cirurgiões Fluminenses". No mesmo dia, atendendo a um memorial dos médicos niteroienses, com dezenas de assinaturas, o Prefeito Ranulpho Bocaiúva Cunha firmava ato municipal dando o nome Domingues de Sã a antiga Rua dos Legisladores, no bairro de Icaraí.

A todas essas homenagens Domingues de Sá pouco sobreviveu, vindo a falecer em sua residência, na Praia de Icaraí, aos 29 de maio de 1922, três dias após ter completado 73 anos de idade. Coube ao vereador Acúrcio Torres fazer-lhe o elogio fúnebre na Câmara Municipal, a 30 de maio, pedindo que a municipalidade colocasse seu nome, em placa de bronze, na Sala de Cirurgia do Hospital São João Batista. A Associação Médica, no mesmo dia, aprovava proposta de Afonso Faustino para que se colocasse seu retrato na sala de sessões, e uma lápide em seu túmulo. Outra proposta, igualmente aprovada, de César da Fonseca, criava o Prêmio Dr. Domingues de Sá, destinado ao sócio da entidade que apresentasse a melhor memória sobre a cirurgia, obstetrícia e ginecologia. (Emmanuel de Macedo Soares - DICIONÁRIO HITÓRICO E BIOGRÁFICO NITEROIENSE, inédito, págs. 2.139 a 22.142).

Dr. Nadir Coelho:

Sinto muitíssimo não poder contribuir, tanto quanto desejava, para o bom êxito de sua missão de fazer o elogio do Dr. Domingues de Sá:

Mal pude reunir os poucos dados que seguem, insuficientes, sem dúvida, para fornecer uma visão mais ampla do grande homem e do grande médico que foi, ao longo de 40 anos contínuos de clínica. Conforme tive oportunidade de explicar à sua senhora, meu Dicionário Biográfico está ainda em fase de elaboração, e no momento estou justamente catalogando milhares de fichas da letra, tarefa que mal iniciei.

Ficam faltando, por isso, aos dados que lhe mando, muitas informações sobre Domingues de Sá, já recolhidas mas impossíveis de localizar em mais de 5 mil fichas. Sobre sua família, por exemplo. De memória sei apenas que faleceu viúvo, tendo uma filha casada na família Castro Menezes. Lembro também que em 1894 recebeu patente de oficial honorário do Exército, concedida pelo Presidente Floriano Peixoto por serviços prestados no Hospital de Sangue, durante a Revolta da Armada, mas não posso precisar o posto. Em 1906 foi homenageado também pelo Prefeito Leoni Ramos, que lhe deu o nome, se não me engano, à enfermaria da clínica cirúrgica do Hospital de São João Batista. Nada disso incluí no resumo anexo, por falta de elementos imediatos de comprovação.

Fico, porém, como fluminense apaixonado pelas coisas da terra, satisfeito em saber que a memória de Domingues de Sá não foi de todo esquecida. Gostaria se possível, de receber cópia de seu trabalho, bem como um currículo de sua própria pessoa, para anexação a meus arquivos.


Biografia escrita por Emmanuel de Bragança de Macedo Soares.

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Adendo:

Como dado curioso, posso citar uma operação realizada em 1895.

Nesta época, a capital era Petrópolis, e o Diretor do Hospital São João Batista, Dr. Domingues de Sá.

A operação foi feita na Rua São João, no n° 117 ou 119, onde improvisaram uma, sala de cirurgia.

A paciente era a mãe do Dr. Romeu de Matos (com três anos na época do ocorrido), engenheiro hoje com 80 e poucos anos.

O Dr. Domingues de Sá e o Dr. Henrique Batista fizeram a operação suspeitando de câncer no útero. Acharam que a paciente ia morrer. Tiraram um pedaço do útero.

A paciente perdia filhos, antes da operação; após, engravidou ainda e viveu mais quarenta anos.

Dr. Emmanuel de Bragança, Dr. Pires de Mello, Dr. Miguel de Freitas Pereira, Dr. Alberto Torres, tinham um Folheto sobre um trabalho realizado pelo Dr. Domingues de Sá, sobre o "Tratamento das Doenças Intestinais Através da Eletricidade".

 

Escrito pelo Acadêmico fundador Nadir Coelho.


Currículo Lattes