Raul Travassos da Rosa
Especialidade:
Acadêmico Patrono
Cadeira: 38
Mini currículo:
RAUL TRAVASSOS DA ROSA, nascido em Belém
a 20 de outubro de 1893, filho de Joaquim Hugo Travassos e Maria Eleonora
Muller Travassos da Rosa e casado em 15 de fevereiro de 1919, na cidade de
Campos, com Edith Fogaça Travassos da Rosa. Estudou ria cidade que lhe serviu
de berço, tendo feito o curso básico em Portugal (Coimbra), retornando a Belém
e finalizando o curso médico na tradicional e antiga Faculdade de Medicina da
Praia Vermelha, onde colou grau em 1918, defendendo tese sobre "Insuficiência cardiorrenal".
Indo para Campos em 1931, lá permaneceu
por pouco tempo, instalando-se definitivamente na cidade de Itaperuna, para
onde fora por força de espontâneo abaixo-assinado do povo que o acolheu de
maneira fascinante e carinhosa.
Não toca neste ambiente festivo a
apreciação da carreira pública do Dr. Raul Travassos, pois poucos terão, em tão
curto prazo, exercitado na cidade que o acolheu aquela filosofia própria do
médico-político, arte que soube imprimir com vasta visão o magistério clinico e
a visão filosófica em seu alto sentido de generalização e fundo filosófico. Os
que o conheceram sabiam-no cheio de experiência e descortínio clínico. O astro
que rápido buscava o ocaso não queria que lhe sobrevivesse a irradiação da sua
centelha. Memorando-lhe o nome aqui fale agora a voz da afeição.
Como médico, soube honrar a classe e
subiu ao principado da nossa profissão. Não foi abandonado quando, batido pelas
lufadas, tornou-se a flor que se dobra ao vento, mas não se deixa abater.
Conosco está a sua lembrança e quando o tempo se distancia, mais ao perto o
sentimos.
Na Medicina exerceu cargos de alta
responsabilidade Delegado de Saúde, Secretário de Saúde no Governo do General
Edmundo de Macedo Soares, Assessor Técnico da Secretaria de Saúde em 1959,
cargo no qual se aposentou.
Na política, exerceu os cargos de vereador
Presidente da Câmara, Prefeito Municipal no Governo do Almirante Amaral Peixoto
e Deputado Estadual (1954-1958).
Foi um benemérito da cidade quando na Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro tratou a construção de um hospital,
sonho realizado em 6 de agosto, de 1925, tornando-se então vice-presidente da
futura instituição a convite do Dr. Diogo Soares Cabral de. Meio, eleito
presidente. Fundou, o ilustre homem público, o ROTARY CLUBE DE ITAPERUNA, O
AERO CLUBE E O TÊNIS CLUBE. Por tais serviços prestados à comunidade o LIONS
CLUBE, em reconhecimento, fé-lo seu sócio honorário.
Foi ele um autêntico político, mas,
acima de tudo, um "médico do interior" que soube plasmar com amor o espírito do
"Médico de Família", o ideal do sacerdócio e uma tradição que se torna
necessário manter, O médico de família deve reaparecer para devolver à Medicina
a humanização de que a classe se ressente e situá-la como prática social e
comunitária. A superespecialização ou a especialização indiscriminada,
retirou, de certa maneira da prática da profissão médica, aquele caráter de
comunicação individual - tão característica em Raul Travassos - desfigurando
certamente a relação médico paciente.
A realimentação do interesse pela
especialização fez com que a prática da medicina no mundo inteiro, com exceção
dos países socialistas, fosse de certa forma, canalizada para esse tipo de
predominância do especialista, que é aquele indivíduo que exercita a Medicina privada
e paga, dentro de um campo limitado, no qual ele aprofunda mais os seus
conhecimentos.
Não foi essa - senhores - a filosofia do
nosso homenageado. Ele não soube tornar a Medicina uma arte cara e rendosa. Não
soube também deixar transparecer que o especialista era desnecessário. Se
invertermos a fórmula, como vem acontecendo, e formarmos especialistas em
número maior do que médicos que sejam capazes de resolver a maior parte das
necessidades da população, haverá um desperdício de recursos, que precisam ser
bem utilizados porque geralmente são escassos
Raul Travassos, foi na acepção da
palavra, um médico generalista, com ampla capacidade e visão da Arte Médica.
Façamos essa tentativa da humanização da Medicina.
Após a Conferência Pan-Americana, outra
entidade - a Associação Brasileira de Ensino Médico (ABEM) - volta a defender
com ênfase os dois problemas: o Médico Generalista e o Médico de Família. O
principal aspecto da campanha parece estar na consciência do papel e da
responsabilidade do médico quanto aos problemas de saúde da população.
"Tudo indica" - escreveu o Prof. Mário Rigatto,
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em recente publicação: "que o
prestígio social que os médicos perderam não só é irrecuperável, mas ainda
diminuirá mais. Pela necessidade de estarem disponíveis para todos, os médicos
estão sendo fabricados em série. Neste aspecto, o Brasil detém a liderança
mundial: é o país que, com exceção de Israel, possui mais Faculdades de
Medicina no mundo, face à população. Coisas produzidas em série, não têm
prestígio", conclui o ilustre Mestre.
Mas porque soubemos amá-lo - RAUL
TRAVASSOS - hoje nós introvertemos na contemplação do vosso grande espírito
luminoso e com fidelidade vós chamamos, vos revocamos à vida, a vós que do alto
nos falais e nos dizeis não sei que coisas misteriosas. Conosco está a vossa
lembrança e quanto o tempo mais vos distancia mais ao perto vos sentimos.
Biografia escrita pelo Acadêmico Mário
de Mattos Goulart.