Mário Negreiros Pardal




Mário Negreiros Pardal

Especialidade:

Acadêmico Patrono

Cadeira: 37

Patrono: destinado a Seção de Medicina Cirúrgica


Mini currículo:

Em 21 de abril de 1902, em Niterói (Estado do Rio de Janeiro), do casamento de Cândido Matheus de Faria de Pardal Júnior, herói da Guerra do Paraguai e serventuário da Justiça daquela cidade, e de Dona Amenaide Negreiros Pardal, nascia um menino que se chamaria Mário. Sua infância e adolescência não apresentaram características especiais a não ser a determinação que punha na execução de todas as suas tarefas. Fez os estudos secundários, de 1915 a 1917, no Colégio Brasil. Aos 16 anos já se encontrava no antigo Distrito Federal, cursando a Faculdade de Medicina do Rio de janeiro. Apesar de dedicar-se humilde e silenciosamente à sua preparação, já se fazia notar pela capacidade observadora e o elevado grau de responsabilidade. Cola grau em 1923 e, no mesmo ano defende tese de doutoramento sobre "Prática da Transfusão de Sangue". Trata-se de um dos documentos pioneiros sobre o assunto.

Foi interno do Hospital São João Batista, em Niterói. Apesar de velho, paupérrimo, desconfortável, era ali que os grandes nomes do Estado faziam verdadeiros milagres, salvando vidas miseráveis, muitas vezes à custa de despesas próprias. Escola de caridade e de civismo eram suas enfermarias.

Em certo momento de sua vida a saúde baqueou. Foram longos meses de repouso e meditação. Ainda assim resolveu estudar a cirurgia de guerra que lhe foi utilíssimo centenas de vezes nos serviços de urgência e de acidentes de trabalho. Curado, volta à faina. Sua fama se espalha. Não há quem não note a elegância e a minúcia de seus exames clínicos, os desvelos do pré-operatório e o pós-operatório, a habilidade manual: era ambidestro. Não conhece limites para operar e sempre o fazendo muito bem. Incursiona pela cirurgia geral, traumatológica, ortopédica, neurológica, vascular, torácica, ginecológica. Conhecimentos teóricos os possui bem sólidos. Cria excelente e selecionada biblioteca. As páginas dos modernos e dos clássicos são percorridas, anotadas, meditadas. E vai transmitindo seu saber. Nada esconde.

Em 1928 submete-se ao concurso de docência-livre na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Logo a seguir é nomeado médico do Pronto Socorro de Niterói. Torna-se, por convite, assistente da 1° Cadeira de Clínica Cirúrgica da então Faculdade Fluminense de Medicina, em 1930. Rege a cátedra em 1936, 1938 e 1939. Em 1933, é eleito presidente da "Sociedade de Medicina e Cirurgia de Niterói". Realiza admirável administração. Em 1935, o Prof. Arnaldo de Morais nomeia-o assistente de Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e logo após, o torna chefe de clínica.

Em 1937 conquista o prêmio "Alvarenga" da Academia Nacional de Medicina com a monografia documentada, profunda, "A Toracoplastia no Tratamento da Tuberculose Pulmonar". Sua casuística abrangia cerca de 400 casos. Raríssimos cirurgiões brasileiros, naquela época, intervinham no tórax. Neste particular, Pardal não teve mestre. O privilegiado cirurgião Fernando Paulino escreveu, em 20 de julho de 1968, ao agradecer em nobilíssimo gesto de gratidão a todos quantos concorreram para sua formação: "entre muitos devo citar nominalmente Mário Pardal que em 1935 me ensinou com paciência, amizade e extraordinária elevação de sentimentos os segredos da cirurgia da tuberculose pulmonar; apesar de reconhecei com absoluta certeza, que eu me tornaria o seu mais eficiente competidor". Isto diz tudo de um e de outro, dois grandes, dois nobres cidadãos.

A 26 de junho de 1946, tornou-se o titular da Academia Nacional de Medicina, apresentando memória sobre a cirurgia arterial.

Era outra atribuição de Pardal a um tema pouco versado em nosso meio. Tinha respeito religioso pela mão de um operário que cuidava com a arte de um escultor e a piedade de um religioso. Era o instrumento de trabalho do operário que precisava ser preservado. Várias outras facetas de sua vida ainda podem ser relembradas, mas a maior delas, sem dúvida, foi a sua luta contra o câncer ginecológico no Estado do Rio. Partiu do nada, de seus recursos pessoais, parcos, duramente conquistados. E foi desenvolvendo o plano trazendo citologistas estrangeiros, humilhando-se nas antecâmaras legislativas a pedir verbas, mas encontrando, outrossim, apoios valiosos principalmente de pessoas inteligentes. Entre estes deve ser citado o Prof. Antônio Prudente.

Mário Pardal foi exemplar em tudo e sua memória merece ser preservada.

Faleceu em 4 de julho de 1970.

 

 

Biografia escrita pelo Acadêmico Mário Duarte Monteiro. 


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