João Baptista Serrão




João Baptista Serrão

Especialidade:

Acadêmico Patrono

Cadeira: 25

Patrono: destinado a Seção de Medicina Cirúrgica


Mini currículo:

João Baptista Serrão, filho do imigrante português, João Rodrigues Serrão e Dona Delminda Vieira de Souza Serrão, nasceu em Cordeiro (RJ) em 15 de fevereiro do ano de 1900 e aos cinco anos de idade veio residir em Niterói, acompanhando seus genitores.

Fez o seu curso de Humanidades em dois respeitáveis educandários: O colégio São Carlos e o colégio Dom Pedro II, onde, pelo zelo e grande responsabilidade pessoal, esteve sempre entre os bons alunos.

Aos 19 anos de idade Serrão entrou para a Faculdade Nacional de Medicina, onde se houve com muito brilho em todo o currículo de Acadêmico, mas principalmente nas disciplinas Toco-ginecológicas, tendo colado grau no ano de 1925.

Foi discípulo do professor Fernando de Magalhães (ídolo de grandes méritos pessoais) que com a mágica da sua palavra e a pujança da sua cultura, fez crescer em Serrão elevado amor pela Obstetrícia e base segura para a caminhada pela estrada que iria trilhar mais tarde.

Antonio Pedro, conhecendo o valor moral do jovem médico e avaliando com a sua inteligência os conhecimentos acumulados por Serrão com os ensinamentos de Magalhães, fez nascer em Niterói o primeiro Especialista, apagando do cabeçalho dos blocos de receituários o velho dístico: "MÉDICO-OPERADOR E PARTEIRO".

Isso deu a Serrão muitos anos antes do nascimento da FEBRASCO, o seu título - TEGO.

O certo é que ele exerceu a Especialidade por cerca de 40 anos com a grandeza com que ela sempre mereceu dos que se respeitam sem nunca ter descido ao vale dos que a tem denegrido com práticas que aviltam e destroem.

Serrão foi um pioneiro!...

Segundo informes familiares, o nosso biografado, ainda que ocupado com a sua vasta clientela, a qual dava o melhor atendimento, não deixava escapar a oportunidade de trazer aos seus colegas nas reuniões científicas, aquilo que a sua observação de pesquisador encontrava no decorrer da prática cotidiana da sua clínica.

E assim ele deu a conhecer em Niterói os trabalhos, que na época tiveram extraordinária repercussão nos meios médicos:

 

1º - Persistência do conduto Onphalo-Mesentérico com extrofia do fígado e bexiga urinária.

2° - Anencefalia e Hidrocefalia

3° - Manobras Obstétricas

4° - Métodos de Indução do Trabalho do Parto, etc...


Fechou o seu ciclo científico comunicativo com uma conferência em 1959, na cidade de Campos, com o trabalho: "Gravidez de Alto Risco e Indução do Parto Cesáreo".

Cultor da boa Medicina, Serrão era membro da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia; Fellow do Colégio Internacional dos Cirurgiões; Membro da Associação Médica Fluminense; Associação Médica Brasileira e muitas outras.

Nomeado para Médico da Prefeitura Municipal de Niterói, foi pelo seu valor na especialidade de Obstetrícia, elevado a chefia da Maternidade do Hospital São João Batista, donde por injunções políticas da época, foi afastado por algum tempo.

Serenada a tempestade, voltou novamente à chefia da mesma Maternidade, na ocasião, localizada na Rua Benjamin Constant, mais tarde mudada para o Hospital Municipal Antônio Pedro, hoje um bom centro de ensino, onde trabalha como Obstetra um dos seus filhos, para ali continuar sua presença.

Foi ali que, comungando os mesmos ideais médicos, senti entrar para o meu convívio diário, aquele homem de fisionomia austera, de palavra franca, de matemática fácil, de reações violentas e mais que tudo, de coração generoso, sempre pronto a ensinar e também assumir responsabilidades.

Todas as manhãs, antes de começar as suas atribuições de chefe de Maternidade, ele saboreava um cafezinho e com a sua voz anasalada contava uma das suas anedotas ou fatos passados na sua longa carreira de fazendeiro agropecuário no Estado do Rio, e também com muita paciência ouvia as recíprocas.

Serrão tinha uma personalidade firme e se fazia respeitar pelos seus superiores hierárquicos, não transigindo em nada quando se tratava de saúde e bem estar para os pacientes sob sua guarda.

Na sua vida política, sempre pensou em construir; não na direção de grandeza, mas sempre na direção das camadas mais pobres, muito embora nunca houvesse amargurado a pobreza. Ele fazia unicamente por bondade e convicção religiosa, conduta que sempre o norteava. Católico praticante, mantinha com a igreja os mais sadios relacionamentos no cumprimento dos seus deveres.

Ao passar para o convívio do além no dia 10 de março de 1971, Serrão não se foi totalmente. Permanecem em nossos corações de colegas da especialidade, as lições de probidade moral e respeito à vida humana que ele sempre defendeu para a conduta do Obstetra em seu relacionamento com a sociedade.

Nada foi mais certo que o seu nome perpetuado na cadeira n° 25 de nossa Douta Academia, para ficar como símbolo de resistência à malfadadas práticas que cada vez mais se alastram na especialidade que ele tanto amou e tão ferrenhamente defendia.

Serrão deixou ainda, a sua viúva Dna. Dalka Waddyton Serrão e três filhos: O engenheiro naval Alm. João Bosco Waddyton Serrão, o médico Professor de Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Campos, o Dr. Antônio Pedro Waddyton Serrão e o Dr. Ignácio de Loyola Waddyton Serrão, médico do I.N.P.S. e da Maternidade do "Hospital Universitário Antônio Pedro".

 

Biografia escrita pelo Acadêmico da Cadeira n° 25, Humberto Milton Dantas.


Currículo Lattes