João Joaquim Carvalho de Vasconcellos




João Joaquim Carvalho de Vasconcellos

Especialidade:

Acadêmico Patrono

Cadeira: 57

Patrono:


Mini currículo:

Nasceu em Araruama, RJ em 05 de abril de 1888, de família dedicada à política e presente nas atividades públicas e sociais do Município e do Estado do Rio.

Jovem ainda se transferiu para a Cidade do Rio de Janeiro, a fim de estudar humanidades. Em seguida ingressa na Faculdade Nacional de Medicina, atual UFRJ, onde teria grandes mestres da Medicina, havendo se ligado mais intimamente ao Prof. Rocha Faria, conceituado clínico da época, que o levou para Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, e posteriormente para seu Serviço de Clínica Médica no Hospital da Beneficência Portuguesa, no Catete.

O então Acadêmico de Medicina, João Vasconcellos se destacou sobremaneira, a ponto de ser convidado por seu ilustre Professor e Orientador a, continuar naqueles Serviços, na distinguida condição de Professor de Medicina. Esse convite foi resultado de sua correta conduta e zêlo pelo trabalho, e demais virtudes demonstradas pelo jovem médico em seus Estágios. Fundamentalmente, também por suas qualificações profissionais e humanas, que iriam caracterizá-lo por toda vida futura.

Em 1914, levado por afeição à sua terra natal e por seus familiares, decidiu ir clinicar em Araruama, numa época em que a situação política era adversa à sua família. Esta atitude de deixar a cidade grande para se fixar no interior, e exercer a Medicina, com recursos limitados, comprova seu elevado espírito social e de grande sentimento de solidariedade. Provavelmente, este gesto representou o desejo de retribuir à cidade, o que recebera na infância e adolescência. Foi uma forma de doação.

O início de sua carreira foi muito difícil, principalmente por problemas circunstanciais políticos, transferindo-se em 1915, para o Município de Cabo Frio, em substituição ao único médico local, que saíra por problemas de saúde.

Em Cabo Frio exerceu diuturnamente a clínica médica geral, atendendo a toda região. Enfrentou um grande desafio, que foi a grave pandemia mundial, "gripe espanhola", que estava grassando com intensidade naquela região.

Inclusive, há relato que toda tripulação de um navio aportado na cidade, foi acometida pela virose, e o Dr. João, como era chamado, atendeu a todos com imensa dedicação e compromisso profissional.

Embora fisicamente forte, o jovem médico também foi vítima da virose, o que deixou alarmada toda população. Uma legião incontável de clientes, amigos, e familiares, que venerava o já então famoso médico ficou em estado de alerta.

Além das medidas terapêuticas tomadas, houve uma expressiva ação popular de movimento social e religioso, e uma corrente de preces para recuperação do tão querido homem. Esta demonstração afetiva das pessoas, retrata a importância que existia na presença do Dr. João na vida de Cabo Frio.

Em 1922, quando do falecimento de sua esposa, D. Maria Carolina, resolve retornar à Araruama, quando então começa seu trabalho de médico de família, de um verdadeiro médico da comunidade. Sua vocação foi sem dúvida destinada à causa popular, às pessoas carentes da periferia e do interior.

Nesta mesma época, não lhe faltaram convites para retornar ao Rio de Janeiro, pois a vaga de Professor de Medicina ainda não estava preenchida.

Porém, o Dr. João optou por combater as grandes endemias rurais que marcavam aquela saúde pública, a pobreza e a educação precária da população.

Assumiu uma vida modesta, sem qualquer emprego público, tendo como tesouro, a admiração dos seus clientes e amigos. Incrivelmente um homem desprendido dos valores materiais.

Houve um chamamento por parte de todos, para ingressar na vida política, e foi Prefeito eleito em 1924, e depois Deputado Estadual.

Após término da ditadura, em 1947 foi eleito Deputado Constituinte, e se reelege em 1950, sempre defendendo os interesses araruamenses. Foi incansável na luta pela consolidação do sistema democrático brasileiro.

Em 1953 é novamente eleito Prefeito de Araruama, realizando uma administração eminentemente popular, tratando os problemas do município com a mesma dedicação e carinho que devotava aos seus pacientes. Fez obras essenciais, como construção de prédios públicos, implantação do sistema de iluminação pública da cidade, importantes outras obras, dragagem de rios e canais que acabaram com as enchentes antes comuns. Criou a Fundação Casa Popular, criou a Unidade Mista, Posto de Saúde que conseguiu erradicar a bouba. Fundou o Centro de Prevenção do Câncer Ginecológico, em parceira com a Liga Fluminense de Combate ao Câncer.

Sua vida de médico continuou intensa, atendendo uma extensa área geográfica, presente em dezenas de localidades, realizando partos, medicando as crianças, tratando das doenças dos adultos, das doenças infecciosas, combatendo as verminoses, orientando na educação sanitária à toda população, nos mais distantes pontos do município.

Em 1960, assistiu com muita alegria, a inauguração do Hospital da Casa de Caridade, pois embora tenha sido um profissional solitário, sempre desejou ter a oportunidade de propiciar aos seus pacientes uma assistência mais efetiva, o que agora seria possível. Quantos procedimentos poderiam ser realizados? Como seria mais factível o seu trabalho de atender? Sobretudo, com a participação de outros colegas.

Em 04 de maio de 1963, ocorreu sua morte no próprio consultório. Após 50 anos naquela casa, que fora construída em 1863, onde nascera, como também seus irmãos, que até hoje se encontra totalmente preservada à Rua Bernardo de Vasconcellos (nome de seu pai), para perpetuar a imagem daquele homem que por convicção fez de sua vida, uma obra de sacerdócio médico.

O povo de Araruama por preito de gratidão, de reconhecimento e de agradecimento, fez erguer um busto de bronze na principal praça da cidade, e deu seu nome a uma das mais importantes avenidas.

E pelas suas qualificações profissionais, pelo amor à Medicina, e por sua dedicação às causas sociais, pela sua mensagem de grandeza humana, pelo amor ao próximo, que foi a característica marcante ao longo de toda sua vida, e pelo seu trabalho de sanitarismo e assistência médica, a Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, se sentiu honrada e o honrou como Patrono da Cadeira 57.


Biografia escrita pela Acad. Emérito Heraldo Victer.


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