Acad. Geraldo da Silva Venâncio




Especialidade:


Mini currículo:

Nasceu no interior de Campos, filho de Francisco Ribeiro Venâncio - agricultor e pecuarista - e Nair da Silva Venâncio. Era o mais velho de uma extensa família de nove irmãos. Viveu a maior parte de seus 81 anos nesta cidade, de onde se afastou apenas para realizar sua formação médica no Rio de Janeiro e Niterói. Era casado, há 52 anos, com Dª Lourdes Pinto Venâncio e tinham seis filhos, todos maiores e bem realizados profissionalmente: Geraldo Augusto - médico e professor universitário -, Ignez - educadora -, Ana Maria - médica -, Renato - professor universitário e historiador -, Beatriz - professora universitária - e Luciana - socióloga. Deixa ainda 5 netos. Amou muito e foi muito amado pela esposa, filhos, netos, pais, irmãos, tios, sobrinhos, primos. Foi um cidadão exemplar e uma sempre louvada e dadivosa figura humana. Durante a vida, conquistou inúmeros amigos com os quais mantinha um indiscutível pacto de lealdade. Diplomado em 1946, volta à sua terra e começa, ainda bem moço, a marcar a sua vitoriosa carreira de cirurgião e traumatologista. Passava os dias circulando entre a Santa Casa de Misericórdia, a Beneficência Portuguesa e o Hospital dos Plantadores de Cana. 

Instalou e dirigiu o Serviço de Urgência da Santa Casa onde operou indigentes, não só de Campos como de Municípios vizinhos, durante 38 anos, no tempo em que não havia o SUS. São poucas as famílias de Campos que não têm um de seus membros tratado por ele. A todos atendia com igual atenção, pobres ou abastados, à noite, aos sábados, domingos ou feriados, nos domicílios ou nos hospitais. No início da carreira, quando havia poucas rodovias ligando a cidade ao interior, várias vezes, ele, para visitar um doente, era obrigado a cumprir parte do percurso a cavalo - o que fazia sem temor, pois tendo passado a infância na fazenda onde nasceu, tornou-se desde cedo um exímio cavaleiro. Dr. Geraldo liderou o grupo que fundou a Faculdade de Medicina de Campos e o Hospital Álvaro Alvim - mantidos ambos pela Fundação Benedito Pereira Nunes, entidade, sem fins lucrativos, que ele presidiu, com invulgar empenho, durante 25 anos. Na Faculdade de Medicina - uma espécie de "menina de seus olhos? - ele foi também, por algum tempo, Professor de Clínica Cirúrgica. Através de uma sequência dos discursos que ele reuniu em uma publicação, pode ser conhecida a bela história do seu papel na fundação e consolidação da Faculdade de Medicina de Campos. Numa forma mais extensiva e orgânica, ele descreveu a sua atuação não só na implantação da Faculdade como também na construção do Hospital Álvaro Alvim no capítulo intitulado: História da Fundação Benedito Pereira Nunes e de suas instituições: Faculdade de Medicina de Campos e Hospital Álvaro Alvim que integra o livro intitulado Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia. 80 Anos de História, publicado por essa mesma Sociedade em 2001, em Campos. Em todas as ações do Dr. Geraldo, coexistiam uma admirável competência profissional, uma dedicação insuperável e um sentido ético exemplar. Durante sua longa vida, recebeu inúmeras homenagens de reconhecimento pelo seu trabalho: da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, de várias Associações Médicas, da Prefeitura Municipal de Campos, da Câmara de Vereadores, da Faculdade de Filosofia de Campos, dos Hospitais de Campos , e principalmente da Faculdade de Medicina de Campos. Faleceu no dia 27 de julho, em Campos. Durante o velório, alguém fez essa acertada observação: 

Dr. Geraldo foi o político na verdadeira acepção da palavra: o homem que esteve sempre a serviço da comunidade sem esperar nada em troca. Entre as homenagens prestadas a este insigne mestre na arte de curar, destacamos o artigo publicado na Folha da Manhã, de Campos, no dia 31/07, do colega e amigo Osvaldo C. Cardoso de Melo: "Morre um `Herói de Branco´ - O Dr. Julio Sanderson, ilustre médico do Rio de Janeiro, criou essa frase para caracterizar aqueles que se dedicam a salvar vidas, contrastando com os que costumeiramente entram para a história graças a atos tidos como de bravura em guerras. Para mim, ninguém merece mais ser chamado de Herói de Branco do que o Dr. Geraldo da Silva Venâncio, colega, cuja trajetória de dedicação ao exercício do que considero a mais bela das profissões eu pude acompanhar e testemunhar. Não havia sábado, domingo ou feriado, dia ou noite, em que, quando dele se precisasse, em qualquer hospital ou residência, por humilde que fosse, que a sua presença lá não estivesse. De volta a Campos, como médico em 1946, mostrou o Dr. Geraldo Venâncio as qualidades excepcionais de formação, oriundo que era de uma família de muitos irmãos e todos igualmente bons, quer profissionalmente, quer como caracteres exemplares. 

Tanto na Santa Casa de Misericórdia de Campos, como na Beneficência Portuguesa ou no Hospital de Plantadores de Cana, o Dr. Geraldo Venâncio atuou sempre com destaque, tendo sido, durante muitos anos - com o Dr. Jacyntho Simões, seu companheiro de longa caminhada - responsável pela maior quantidade de atendimento às emergências cirúrgicas e traumatológicas que ocorressem a qualquer hora do dia ou da noite nesta região. Onde estivesse era encontrável e atendia a todos os chamamentos. Quando, em 1961, fui admitido como Membro da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia, a mais antiga sociedade médica do antigo Estado do Rio de Janeiro, fui por ele recebido com um belo discurso em que transbordava a sua generosidade e demonstrava a amizade que já mantínhamos desde a minha volta a Campos, em 1958, quando nos conhecêramos. 

Nossa amizade, contudo, mais se estreitou quando, sob a sua condução, caminhamos juntos com Luiz Carlos Mendonça e Silva, Décio Lobo de Azevedo, Plínio Bacelar da Silva, Honor de Lemos Sobral, Wilson Paes, Nilson Lobo de Azevedo, Newton de Almeida Gusmão, Luiz Augusto Nunes Teixeira, sua irmã, Professora Maria Thereza da Silva Venâncio e as Professoras Zuleima de Oliveira Faria e Maria Isabel de Freitas Sodré, na epopeia da implantação da Faculdade de Medicina de Campos, pela Fundação Benedito Pereira Nunes, por ele presidida. Há um ano, teve ele a oportunidade de discorrer sobre a fundação da Faculdade de Medicina de Campos, escrevendo sobre a Fundação Benedito Pereira Nunes em livro comemorativo dos 80 anos da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia, ideia brilhante de seu atual presidente, Prof. Dr. Francisco de Almeida Conte. Professor nato, mesmo sem aceitar, em sua modéstia, exercer a chefia da Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Campos ou receber qualquer salário como docente de Cirurgia que foi, o Dr. Geraldo da Silva Venâncio foi o principal responsável pela instrução e formação de inúmeros cirurgiões que, quando alunos, foram por ele conduzidos a essa condição sem terem precisado fazer Residência formal na especialidade. Alguns deles, ainda hoje, são professores nessa Faculdade que tanto nos enche de orgulho. A minha admiração pela sua postura ética e profissional era enorme e eu, que carinhosamente o chamava de "Meu Cacique", em diversas ocasiões em que tive a oportunidade de saudá-lo ou a ele me referir em público, disse: "desejo, quando crescer, chegar a ser um Médico tão bom quanto o Dr. Geraldo da Silva Venâncio". E, repito, neste momento de dor. 


Currículo Lattes