Maurício Campos de Medeiros




Maurício Campos de Medeiros

Especialidade:

Acadêmico Patrono

Cadeira: 1

Patrono: destinado a Seção de Ciências Aplicadas a Medicina


Mini currículo:

      No próximo ano, em 23 de junho, cumprir-se-ão 10 anos que, por um destes incompreensíveis caprichos do destino, aos 81 anos de idade, falecia tragicamente, atropelado por um automóvel, o Patrono da nossa Cadeira nesta novel e douta Academia: o homem público, o jornalista, o escritor, o professor e acima de tudo, o médico - MAURÍCIO CAMPOS DE MEDEIROS! 

Dotado de marcante personalidade, Maurício de Medeiros, nas diversas atividades a que se dedicou em sua longa, brilhante e profícua existência, soube, em todas elas imprimir a chancela de sua inteligência atilada a par de indômita vontade, de modo a encher toda a primeira metade deste século, como uma figura exponencial em nossa Pátria!

A Pátria muito lhe deve, pois a Ela tudo deu, trabalho, dedicação, inteligência, saúde, liberdade e até a vida de um filho muito querido - o herói petropolitano Tenente Aviador João Campos de Medeiros, morto gloriosamente em combate, em céus da Itália, tendo, por isso, sua memória imortalizada em bronze, em sua cidade natal, a nossa querida Petrópolis!

Conhecemos pessoalmente Maurício de Medeiros, desfrutando de sua consideração, dado a grande amizade que o mesmo dedicava a Silvio Branco, nosso irmão e a quem ele declarava certa vez: "Vou substituir no meu afeto o bem que eu queria ao meu saudoso filho João Maurício"...

Sobejas são, pois, as nossas razões de alegria, admiração e amizade em termos como Patrono tão ilustre patrício, cuja biografia reduzidamente, passaremos a apresentar. Maurício Campos de Medeiros, nascido na cidade do Rio de Janeiro, a 14 de julho de 1885 era filho do quarto matrimônio de seu pai o Dr. Joaquim José de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque e do segundo de sua mãe Da. Maria Carolina de Medeiros, viúva do artista Henrique Fleiuss. 

Seu pai, farmacêutico inicialmente e após transferência para Recife, diplomado em Direito, defendendo tese e conquistando o título de "Doutor de Borla e Apelo" foi, depois, deputado geral e alto funcionário do Império.

Pelo lado paterno era Maurício de Medeiros, meio irmão de Medeiros Albuquerque, escritor e poeta e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Fez seus estudos secundários, sob regime de internato, no Colégio Pedro II, então denominado Ginásio Nacional. Matriculando-se, em 1901, na faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, cursou medicina e farmácia, em ambas se diplomando. Farmácia e, 1903 e Medicina em 1907. 

Ainda estudante, em 1906, deslocou-se à Capital da França onde frequentou as Clínicas dos professores Raymond e Degerine e fez um curso de histologia com o Prof. Alquier.

Em 1907, após a colação de grau voltou à França para trabalhar no Laboratório do Prof. François Franck, no Colégio de França sob a direção imediata dos professores Shaeffer, Terroine e André Mayer.

Voltou à Europa em 1909, tendo frequentado em Paris a Clínica do Prof. Dumas, em Munich o serviço do Prof. Krepelin e em Viena seguiu vários cursos de aperfeiçoamento tendo frequentado o Instituto de Fisiologia sob a chefia do Prof. Max Exner e colaboração imediata de Karl Schwartz.

Foi interno, por concurso, do Hospício Nacional de Alienados (mais tarde Hospital Psiquiátrico), livre docente, pó concurso, de Fisiologia e Patologia Geral na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Assistente da cadeira de Patologia Geral na mesma Faculdade (1911 a 1922).

Foi, em 1915, Diretor Geral de Higiene, no Estado do Rio, e em 1917, professor de Patologia Geral e Comparada, na Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária.

Professor substituto da seção de Patologia Geral da Faculdade do Rio de Janeiro por concurso em 1922 foi promovido em 1929 a catedrático de Patologia Médica em 1934, cargo que exerceu até ser demitido, por motivos políticos em abril de 1936. Foi reintegrado no cargo após a sentença do Poder Judiciário em maio de 1945 e, no ano seguinte, transferido para a cadeira de Clínica Psiquiátrica e, nesse mesmo ano, nomeado diretor do Instituto de Psiquiatria. Era membro do Conselho Universitário da Universidade do Brasil. Aposentou-se das atividades de magistério em setembro de 1955.

Como jornalista Mauricio de Medeiros colocou assiduamente em várias folhas do Rio e de São Paulo, notadamente o Correio Paulistano, A Gazeta de Notícias, o Diário Carioca, o Correio da Manhã e o Globo.

Escreveu: "Notas de Um Anti-alcoolista" (1906), "Método de Psicologia" (1907), "Fisiologia da Secreção Intestinal" (1913), "Partenogênese em Patologia" (1913), "A Reforma Constitucional Fluminense" (1922), "Coloidoclasia" (1925), "Ciência Impura" (1928), "Psicoterapia e Suas Modalidades" (1929), "Supra-normais" (1930) "Rússia" (1931), "Outras Revoluções Virão" (1932), "Psicoterapia" (1933), "Segredo Conjugal", novela (1933), "Idéias, Homens e fatos" (1934), "Pensamentos de Medeiros e Albuquerque" (1935), "Joaquim Nabuco" (1949), "Aspectos da Psicologia Infantil" (1941), "No mundo do Ensino" (1954), "O Casamento" (1956), "O Inconsciente Diabólico" (1959) e etc.

Traduziu oito obras de assuntos médicos, uma delas um Tratado Italiano de Medicina.

Fez jus às seguintes condecorações: Medalha Francesa de Epidemias, Legion D-Honeur (França), Ordem Militar Portuguesa de Cristo (Comentador), Medalha Militar Brasileira da Vitória, Medalha Inter-Aliada da Vitória (Guerra de 1914-1918), Medalha do Mérito Santos Dumont, Ordem Nacional do Mérito (Grã-Cruz) e Ordem do Mérito Médico (Grã-Cruz).

Eleito em 27 de abril de 1955 para a Academia Brasileira de Letras, na vaga de Celso Vieira, nela tomou posse a 09 de agosto do mesmo ano na Cadeira nº 38, tendo como patrono: Tobias Barreto. Foi saudado na oportunidade pelo Acadêmico o médico Clementino Fraga.

Nos governos Nereu Ramos (novembro de 1955 a janeiro de 1956) e Juscelino Kubitschek (janeiro de 1956 a julho de 1958), foi Ministro de Estados de Negócios da Saúde, quando teve destacada atuação, tendo sido criador das "Unidades Sanitárias Aéreas" que, no dizer do saudoso Noel Nutels, faziam o "sinal da cruz" no mapa do Brasil, levando nossos irmãos necessitados, desde o Amazonas ao Chuí, desde os sertões da Bahia até Araguaia e Pantanais de Mato Grosso, serviços médicos e odontológicos.

A sua moradia na cidade serrana, a qual dedicava grande afeto, é, atualmente, importante hospital: a Casa de Saúde São Lucas. 


Biografia escrita pelo Acadêmico Acácio de Souza Branco.


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